Tati da Estrada, conhecida nas redes sociais, é uma andarilha que chama a atenção dos motoristas que trafegam pelas estradas do país. Aos 43 anos, essa mulher, que estudou até a terceira série do ensino fundamental e é natural de Uruguaiana, vive com seus cachorros. Apesar dos perigos, ela afirma ser feliz. Lúcida e com documentos, Tati escolheu um estilo de vida diferente.
Quem trafega pela BR-158 nos últimos anos já deve ter se perguntado sobre a mulher que vive à beira da estrada. Ao longe, é possível identificar os carrinhos de reciclagem cobertos por uma lona azul. Nesse pequeno espaço exposto às intempéries, Tati da Estrada escolheu viver. Em meio ao trânsito intenso de caminhões e ao latido dos cães, ela conversou com o JMD, na manhã de quarta-feira, dia 10, onde estava parada, na altura do KM 234.
“Tive uma infância difícil, vivia na casa de uma tia ou outra. Não recebi carinho. Fui criada para não sentir dor. A tia que eu chamava de mãe nunca me aceitou. Ela teve uma filha que se envenenou e me culparam, mas eu não tinha nada a ver com isso, eles nunca gostaram de mim. Com 14 anos, resolvi ir para a estrada”, disse Tati.
Dentro das condições de vida nômade, Tati garante que é feliz e acredita ter um propósito. “Eu sou feliz assim, sabe. Cada um tem um propósito na vida. As pessoas hoje em dia só querem saber dos bens materiais. Eu quero mostrar para as pessoas que não precisa ter tudo para ser feliz. E cuidar dos cachorros que vivem perdidos na BR.”
Na acomodação, ela tem gás, fogareiro e produz o próprio alimento. Mas também conta com doações. Alguns integrantes de um grupo do WhatsApp, de Tupanciretã, chamado “Coloca o Capacete que lá vem Pedrada”, enviaram mantimentos, materiais de higiene e até ração para os cães.
Com um sorriso espontâneo, Tati conta que carrega tudo sozinha: “tenho força de três homens”. Ela revelou que, se alguém se interessar, pode adotar alguns cachorros e dois filhotes. Os animais ficam presos no entorno das carroças, mas dormem em uma cama que ela achou na beira da estrada.
Questionada sobre a solidão e o próximo destino, Tati disse que pretende sair do Rio Grande do Sul e que não se sente solitária ou com medo, pois conta com a presença dos cachorros.
Ao final da conversa comentou sobre os conteúdos que veicula na internet. “O meu canal no YouTube, Tati da Estrada, quem quiser seguir, pode seguir. Vou ficar faceira, vai que um dia o YouTube me dá um dinheiro.”
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