Desde muito jovem, fui um Salgueirense convicto. Cresci vendo a sociedade muito ativa quanto aos carnavais e as famosas Muambas em determinadas casas de amigos, como a família Rossato, e lancherias como no Bar do Cobrão do Seu Ernesto e na do seu Canchinha.
O Salgueiro sempre teve sobra de ritmistas; era difícil e tinha que ser bom para firmar em algum instrumento. Para mim, que não tocava nada, muito pior.
Quando começou um novo ciclo de administração, onde findava a era EVA e ANIBAL, que juntos comandaram por 20 anos contínuos, foi com Mauricio Peres que começou a nova era, novo olhar. Eu fazia parte da diretoria e da Escola como Autor de Samba Enredo; o primeiro foi uma homenagem aos padrinhos João Fogliato e Dona Nina, que desfilou na Ala de Frente.
Fui o primeiro presidente do Salgueiro eleito pelo voto. Entre muitas boas realizações na gestão, a Escola de Samba era prioridade, e foram dois anos de intenso carnaval de rua, agora com uma Escola de Samba dividida em alas, carro alegórico, comissão de frente, rainhas, porta-bandeiras, furiosa bateria, baianas, ala das crianças, blocos, convidados, Velha Guarda, músicos, puxadores, brilho e encanto, cantado e dançado na Avenida Vaz Ferreira.
Nestes dias, me telefonou de Santana do Livramento, e assim, rememoramos com muita emoção um desfile de rua memorável. O comissário de Polícia ainda na atividade Hideraldo Echeveste, que trabalhou aqui na delegacia nos anos 90, inclusive tem um filho que nasceu no HCBT, bom sujeito, bom de gogó, negão raiz, não deu outra! Puxou nosso samba “Tupã de Outrora” com voz de veludo, cadenciado, estiloso.
Seguiu a folia; a Escola de Samba também cantou linda e merecidamente para a família Puretz, na letra “Rádio Alegria” referenciamos o seu Miguel Filho, Farmácia Econômica e Hemolabe, João Batista de Júlio de Castilhos, meu amigo e parceiro cantou e esnobou categoria como exímio puxador de Samba Enredo.
"Na frente da praça, no meio da rua, embaixo da lua, é carnaval, pura emoção, Salgueiro, Salgueiro, tu és o primeiro do meu coração". Esta letra foi na voz potente e inconfundível da irreverente Adriana Reis.
Uma Escola dá trabalho; é mais que simples fantasias, brincadeiras, amizades, bom convívio, show, alimentação, impossível fazer com poucos e não ter o carnaval como cultura, além do samba na alma. Graças a Deus vi isso em muitos amigos que guardo na lembrança e bem guardados no meu coração.
Não quero aqui tripudiar ou fomentar discussões quanto à atual situação da Sociedade Salgueiro. Que sempre achem um jeito para que volte a funcionar e brilhar na avenida. Por hora só posso citar, OUTROS CARNAVAIS.
TODOS CONTRA A DENGUE