A divulgação do relatório de oferta e demanda mundial do USDA, publicado em 8 março, marcou o período de derrocada dos preços que servem como referência global a soja. A posição contrária e distante do USDA naquilo que era esperado pelo mercado gerou frustração e uma corrida por liquidação de posições na bolsa de Chicago (CME/CBOT). A elevação das estimativas para os estoques de passagem nos EUA e a cautela em cortar as previsões para produção da oleaginosa na Argentina minaram a trajetória altista do grão.

Mesmo assim, os fundamentos ainda tangenciam um cenário de alta, de preços firmes e acima de US$10/bushel, como já se havia destacado no começo de 2018. Os efeitos da seca na Argentina e Uruguai foram severos e, os desdobramentos irão impactar veementemente a dinâmica do complexo soja pelo mundo. Basta destacar o forte ritmo das exportações de soja e farelo no Brasil, bem como a recuperação das vendas externas semanais nos EUA e importações recordes para o grão na Ásia e Europa.

Porém, um fato recente vem à tona e este deixará o mercado de soja mais volátil e deslocado dos fundamentos de oferta e demanda. Na penúltima semana de março, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um memorando onde foi sancionado a taxação de alumínio e aço importado para proteger os produtos nacionais, condição que chocou parceiros comerciais, alarmou líderes da indústria e deteriorou o mercado de capitais mundo afora.

A preocupação é que haja uma guerra tarifária comercial e a possibilidade de um agravamento do protecionismo no mundo, sobretudo entre EUA e China.

A divisa norte-americana ampliou ganhos em relação ao real, nesta sexta-feira, na contramão do seu desempenho no mercado de internacional de câmbio, que foi de baixa frente as moedas mais líquidas do mundo.

A imposição, levada a cabo pelo governo norte-americano, de taxas comerciais que podem onerar a China em até US$ 60 bilhões é apontada como principal fator de precificação mundo afora. Com essa turbulência, a demanda por liquidez desponta e a fuga para ativos tidos como mais seguros passa a ser lógica do mercado.

Ao longo da sessão, notadamente menos volátil do que a da véspera, a taxa de câmbio operou em baixa, mas, ainda assim, próxima da estabilidade. Quando da definição de posicionamento dos players mais representativos, típica do fim dos trabalhos, pesou a provável instabilidade das maiores economias mundiais. Assim, o dólar comercial foi cotado a R$ 3,3192 na venda, em apreciação de 0,28%.

Mesmo que se queira atribuir a valorização do dólar em relação ao real aos temores quanto a uma guerra comercial a ser travada por EUA e China, o deslocamento de recursos segue o da relação entre remuneração de capital/percepção de risco de mercado de uma determinada economia. Nisso, os diferentes rumos seguidos pelas políticas monetárias dos EUA (alta dos juros) e Brasil (queda dos juros) tem papel importante no desempenho das moedas.

Com esse viés de alta do câmbio, o Banco Central anunciou novo leilão de 14 mil swaps cambiais, equivalente a venda futura de dólares, para rolagem de contratos que expiram em abril. Serão reinseridos no mercado um total de US$ 9,029 bilhões.

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