Neste momento o estado vibracional do povo gaúcho, ressoa entre ruínas, escombros, frustrações, fracassos, sonhos mofados, desesperanças e desespero. Tomara que tudo seja temporário a muitas pessoas, e que em breve possamos estar falando de energia criativa, que todos os registros negativos de agora, sejam aprendizados para o amanhã.
Alicerces emocionais compõem a variedade de sentimentos que formam nosso carácter, nosso eu, nossa vida. Por eles demonstramos aos outros a nossa personalidade, e a essência de enfrentarmos as exigências e percalços do dia a dia, pois a vida é um constante desafio, por vezes nos coloca de joelho, arranha nossos brios, amassa nossa alma.
Uma grande maioria da nossa população vive sempre se adaptando às fórmulas mágicas, planejamentos e projetos sociais, comunitários, que não saem do papel, procrastinando realidades que retardando destinos, dissipando vivências e até vidas humanas.
Hoje, muito importante darmos sentido ao que sabemos fazer de fato, e no momento observar, sentir, praticar, verificar o que realmente nos serve, nos faz vibrar, nos emociona e nos mantém no centro do agora e do hoje. Porque isso gera felicidades, quem é feliz tem amor por tudo, e isso constrói Alicerces deteriorados.
Uma postura positiva, construtiva, que está sempre em sintonia e consciente em fazer o bem, produz com certeza uma sociedade melhor, irmanada, humanista, solidária e coletiva. Um povo voluntarioso principalmente, faz muita diferença, nestes tempos de.contingência de vida plena e percalços climáticos de efeitos devastadores.
Há tempos, em função da pandemia que assolou o mundo, fiz parte de uma equipe que tinha a missão da distribuição de kits alimentação para famílias carentes com registro no Programa Bolsa Família e que tinham filhos matriculados nas escolas municipais ou que frequentassem nossas creches.
Fiquei na linha de frente destas ações, verificando as temperaturas e borrifando álcool nas mãos das mães e pais que adentravam nos locais determinados.
Assim, muito de perto, vi olhos que brilhavam, rostos que sorriam, palavras que agradeciam, mas bem lá no fundo, retratavam tristezas,os corações pulsavam, mas os sentia descompassados e apertados. Nesta aparente euforia, pairava no ar uma brisa leve de indiferença, impotência e desesperança...
Entendi que esta boa nova e badalado auxílio alimentação, era mais uma ação momentânea, que muitos ao invés de estarem ali na fila, melhor seria estarem na do supermercado, comprando um farto rancho mensal, com seu próprio sustento.
Os corações vibram sempre, seja na alegria ou na dor, as consequências disso estão nas nossas relações com o entorno e as situações vividas, pois, devolvemos ao mundo, aquilo que está cheio nosso interior e bem guardado no alicerce emocional que construímos ao longo dos tempos.
Talvez isso explique as ausências e frieza de alguns. Receber comida, pode parecer bom, mas não para todos, acho que muitos se sentem numa situação humilhante, entendem como um atestado de insignificância, com falta de oportunidade e desigualdade total.
Pois bem, até aqui, falamos de não ter comida momentaneamente, imaginemos então, todas as pessoas que enfrentaram a monstruosa enchente, e perderam tudo que tinham, famílias, casas, amigos, bichos, empregos, documentos, lembranças, móveis, planos, sonhos, fé, dias, anos de luta e histórias, e ainda lhes reservam uma enxurrada de prováveis doenças, e a incerteza de por quanto tempo continuar a mercê do nada? Mais uma vez na margem, margem do tempo.
"Assim é a vida, cheia de interpretações diferentes. Andar catando alimentos, a mim sempre será deprimente... e sem nenhuma explicação plausível e extremamente difícil, catar tudo, tudo mesmo".
É muito fácil estar no outro lado, pedir força resiliência, dizer que tudo vai passar, receitar calma e paciência, se o sapato não está apertando em mim.
Como ser humano cristão estou doente e triste, mas jamais sentirei de forma verdadeira, as nuances e particularidades do alicerce emocional do outro, cada um de nós tem a chave da sua história e destino.
Mesmo que eu pense ter bem arrumado meu alicerce emocional, jamais vou desvalorizar o voluntariado do bem e ações humanistas, que aquece gente feito o sol. Porém, sempre vai chorar e doer meu coração por aquele que com lágrimas no rosto e sem ao menos um lenço na mão, ter que arrancar da lama e restos, força para seguir a sua jornada e ainda depender de muitos outros, nem sempre alinhados com seus anseios, necessidades e desejos.
Que possamos com brevidade reconstruir os alicerces todos, principalmente os emocionais, de quem pede e precisa, de quem dá e auxilia. Que abundâncias de luzes e de prosperidades divinas, encurtam, estreitam e dissipem as famigeradas “Diferenças Sociais.”
Um forte abraço!
Tupanciretã-RS
26-05-2024
TODOS CONTRA A DENGUE