A música é a arte que organiza sons e silêncios ao longo do tempo, criando efeitos sonoros harmoniosos, transmitidos pela voz e por instrumentos musicais. Ela é sempre uma manifestação artística e cultural de um povo em determinado tempo e lugar.
"No dia 07 de outubro, comemora-se o Dia do Compositor, o profissional criador de obras musicais, com ou sem letra, e o detentor dos direitos autorais."
Como disse o poeta Nilton Carlos Rosa, que compôs músicas eternas com grande inspiração: "Versos que o poeta escreve para um dia virar canção."
Recentemente, ouvi a canção "Velório Pobretão", de Sidnei Lima, que descreve de forma comovente a realidade de um funeral simples. A situação é tão paupérrima que o autor transforma o velório em uma cena curiosa, com uma partida de cartas que arrecada dinheiro para comprar café, pães e velas. Em uma reviravolta cômica, o próprio defunto levanta uma das mãos para pegar um pão, assustando os presentes, até que se descobre que ele não estava morto, apenas com fome. Ironicamente, o compositor conta que o "morto" morreu de verdade de congestão, em pleno velório.
Por outro lado, "A Lista", de Oswaldo Montenegro, é uma das músicas mais tocantes que já ouvi. Ela nos desafia com seus questionamentos: "Faça uma lista dos grandes amigos que você via há dez anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia? Quantos você não encontra mais? Faça uma lista dos sonhos que tinha. Quantos você desistiu de sonhar? Quantos amores jurados para sempre você conseguiu preservar?"
Essas duas canções, diferentes em estilo, são exemplos do poder das letras musicais. Dizem que poesias e músicas não pertencem a quem as escreve, mas àqueles que nelas se encontram, que se veem refletidos e se realizam nelas.
Escrever uma letra musical é se debruçar sobre sonhos, realidades, saudades e ilusões. É olhar com o coração, desenhar o real e, de alguma forma, transformar sentimentos. Compor é abraçar a alegria, a esperança e os sonhos, todos de uma vez. É como pegar sua roupa preferida no varal, que te envolve de confiança e amor pela vida.
Na canção "Lápis de Cor", Flávio Leandro escreve: "A saudade faz parte de quem já amou, de quem ficou sozinho, de quem chorou baixinho sem chamar atenção." Uma letra profunda que reflete nosso cotidiano, mostrando como a saudade deixa marcas, mas também nos conecta aos momentos e pessoas que nos fazem bem.
A vida, assim como a música, está em constante transformação. Na estrofe "Quando eu mudo, o mundo muda, cai na minha dança. Muda tudo, o tempo todo, feito crianças", a canção nos lembra que tudo pode ser melhorado, a cada dia.
Por fim, "Segura na mão de Deus e vai." Sempre podemos reverter situações, como no "Velório Pobretão". Esteja atento às suas listas de amigos e de sonhos, e lembre-se de que a saudade é o que resta dos amores vividos.
Crie e componha sua própria canção. Todos temos versos lindos para compartilhar, pois todos somos especiais e podemos encantar quem nos lê ou nos escuta.
João Cesar Flores
Tupanciretã-RS
TODOS CONTRA A DENGUE