Estamos impactados nestes dias pelo mais expressivo feriado santo: o “Dia de Finados”. Mobilizam-se multidões para reparar, limpar, rezar e florir, aproximando-se de seus entes queridos. Desde pequeno, aprendi com minha família a cultuar essa tradição e a passei adiante. Nunca deixamos de cumprir este compromisso. Sempre encontramos tempo para preparar os jazigos, colocando flores, deixando para o dia 2 de novembro as visitas e a iluminação com velas.
Conforme a Igreja Católica, o “Dia de Finados” foi instituído em 998 (século X) pelo abade Odilo, da Abadia Beneditina de Cluny, na França. Foi Odilo quem estabeleceu 2 de novembro como data oficial, unificando as homenagens aos mortos.
"Finados" nos remete ao que se finalizou ou morreu. A data é celebrada em diversas culturas pelo mundo — as mais famosas nos Estados Unidos e no México. No Brasil, é muito prestigiada pelos cristãos, mas também é celebrada por budistas, praticantes do candomblé e do islamismo. Os espíritas, por sua vez, cultuam seus espíritos diariamente, em qualquer tempo.
É um dia carregado de saudade, orações e pedidos. Para alguns, é um momento triste; para outros, uma reflexão profunda, pois já aceitaram que a morte é inevitável e que um dia todos estarão ali, apenas aguardando o tempo chegar.
É uma data de reencontros, onde familiares e amigos, em sua maioria, visitam o cemitério. Em alguns lugares, há comércio forte de artigos para essas celebrações, e o turismo em torno do feriado se desenvolve. Este é o nosso mundo real.
Quanto ao outro mundo, o médium Francisco Xavier nos trouxe lições inestimáveis sobre o plano espiritual. Por meio de seus livros psicografados, atos e exemplos, ele deixou um legado de caridade, humildade e humanismo. Chico Xavier, um dos maiores missionários dos dois mundos — vida e pós-vida — afirmou que a saudade fere em ambos.
"A morte é um grande mistério da vida, com muita dor na despedida. Mas quem morre perde o corpo, não a luz da vida, e jamais se separa dos que ama. A vida é um sopro; a morte, a eternidade."
Li muitos livros espíritas, especialmente os de Chico Xavier, e acredito na continuidade da vida. Isso me traz certa tranquilidade em relação à morte. Não pretendo impor minhas concepções; cada um sabe de si. Como Chico Xavier dizia, “Tudo passa” na vida, e a felicidade não entra por portas fechadas.
Aceitando ou não os dois mundos, desejo-lhe felicidade. O segredo é fazer os outros felizes. Abra o coração, ame, abrace, sorria, diga, escute, auxilie, perdoe. Visitar nossos entes queridos neste feriado santo com sinceridade é um gesto de afeto. Afinal, logo ali estaremos lá também, e então saberemos a verdade sobre este ritual e sobre os dois mundos.
João Cesar Flores
Tupanciretã-RS
TODOS CONTRA A DENGUE