Volto no tempo e consigo ver com clareza o quanto foram difíceis e penosos meus anos escolares iniciais; sempre fui tímido e reprimido, o que dificultava muito meus relacionamentos pessoais.
Quando busco na memória, são poucas as lembranças boas. Instantaneamente, surgem na mente os castigos no canto da sala de aula, a exclusão nas brincadeiras e no futebol, as acusações injustas por ter machucado colegas sem nem ao menos tê-los tocado, o longo trajeto a pé até o colégio, as roupas e materiais escolares limitados, além da herança de uma caligrafia horrível, que me acompanha até hoje.
"Segui em frente, 'caindo pelas beiradas', como dizem. Sempre fui um estudante de segunda linha, mas, a duras penas, cursei o primeiro e o segundo graus, nos quais consegui me formar, já casado e pai de um filho."
Claro que, nesse período, fiz poucos, mas grandes amigos que prezarei sempre. Estou tranquilo por entender que as dificuldades enfrentadas não foram só minhas. Todos nós, de uma forma ou de outra, temos limites, conceitos e adversidades herdadas da família e da convivência.
Hoje acompanho de perto a área da Educação e fico muito feliz com a modernidade e a grande estruturação em todos os sentidos para atender e apoiar os alunos. Na maioria das vezes, as escolas são o maior e mais importante suporte para a formação moral, pessoal e cultural das pessoas.
Existe sempre uma rede de profissionais, entidades e autoridades atenta, além das coordenadorias em áreas específicas e do Conselho ativo. Portanto, no âmbito escolar, nada passa despercebido. Melhorias sempre serão necessárias, mas estamos em constante progresso, principalmente na área das artes e cultura, que, hoje em dia, já começa nas EMEIs, desde a primeira infância.
Para aqueles que acreditam em dons, Deus me agraciou com uma alma poética, apesar das dificuldades que tive e ainda tenho. Tenho aprendido com muitos. E, em meu ser poeta, o amor é minha fonte inspiradora: isso inclui as pessoas e, de modo muito especial, as crianças, pois elas são nascentes perenes de tudo na vida.
Assim, Concursos Municipais e Festivais Escolares de Poesia acendem a chama da inspiração e acariciam meu coração. Essas ações são semeaduras de arte e cultura, plantadas na alma dos alunos, e algumas certamente florescerão lindamente, colorindo e encantando vidas no futuro.
O 17º Concurso Municipal de Poesias de 2024 comprova integralmente o que escrevo. Todos os troféus foram decididos por décimos. Porque o talento tomou conta do palco do início ao fim, e, a cada apresentação, os jurados se viam em uma situação difícil. Parabéns aos organizadores e educandários envolvidos!
“A força da vida está com quem nunca desiste de tentar”, afirma Inês Seibert. Isso se aplica aos alunos compositores e declamadores que, por detalhes, não ficaram nas primeiras posições. Estar relacionado, subir no palco e dar o seu melhor já é uma grande vitória e um caminho aberto para um grande artista. Vocês todos têm um certificado de triunfo.
“Dai-nos, Senhor, a poesia de cada dia”, pediria Oswald de Andrade. Outros afirmam que poetizar é juntar os pedaços perdidos de nós. Com toda a sinceridade, saio do 17º Concurso Municipal de Poesias honrado, feliz, agradecido e, como poeta, muitíssimo mais inteiro.
Obrigado,
João Cesar Flores
Tupanciretã-RS
TODOS CONTAR A DENGUE