Nestes dias de intensas comemorações e reflexões sobre o período escravagista e suas tristes e desumanas consequências, que tanto marcaram a humanidade de forma negativa, os debates e análises se voltam para temas como racismo, preconceito, Consciência Negra e seus personagens históricos.

Eu, que não sou exatamente branco, mas sempre franco, fui convidado mais uma vez a falar sobre o assunto, desta vez para uma turma do EJA-EPT local. Essa experiência foi enriquecida pela companhia da amiga e aluna Roselaine de Fátima da Luz, uma mulher negra de coragem e simpatia notáveis.

Roselaine, guerreira do dia a dia, divide sua vida entre lidas domésticas em sua casa e em outras residências para ajudar no sustento da família. Mãe zelosa e dedicada, ela vive a luta de muitos negros, enfrentando com resiliência os desafios cotidianos e o preconceito.

"Em seu depoimento, ela destacou que atitudes racistas e preconceituosas ainda são frequentes em nosso meio, e que as leis contra essas práticas são lentas em sua aplicação".

Na minha fala, trouxe registros históricos que ilustram o período escravagista, marcado por dor e resistência. Relatei, por exemplo, como os despachos religiosos nas encruzilhadas eram uma estratégia de autoajuda dos negros que fugiam das senzalas em busca de quilombos.

Mencionei também Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do período colonial, que foi traído por um amigo e morto em 20 de novembro de 1695. Sua memória se tornou símbolo da resistência e da Consciência Negra.

As mulheres escravizadas, em sua força e engenhosidade, escondiam sementes e filetes de ouro nas tranças, itens essenciais para a sobrevivência nos quilombos. Essa resistência é parte indissociável da história do Brasil, um país que jamais pode ser pensado sem a contribuição do povo negro.

A frase "Existe uma história de um povo negro sem Brasil, mas nunca um Brasil sem a história de um povo negro" sintetiza a importância dessa população na construção de nossa nação, desde as artes e crenças até a família, a gastronomia e o trabalho.

Projetos como "Vidas Negras Importam" e a atuação de líderes como Oliveira Silveira, poeta e ativista que instituiu o Dia da Consciência Negra, reforçam a luta por igualdade. A data, agora feriado nacional, convida os brasileiros a refletirem e se unirem em torno desse tema.

Encerro este texto convicto de que o amor é a chave para todos os valores essenciais da vida. Quem tem amor possui fé, coragem, sonhos, família, amigos e Deus. Zumbi e tantos outros negros de ontem e de hoje nos ensinam isso: o amor é a resistência mais forte, uma força inquebrável.

Que esse exemplo inspire outras pessoas a rejeitar o racismo, o preconceito e outras formas de discriminação. Basta abrir a gaveta do amor dentro de si, e o mundo se tornará mais simples e mais humano.

João Cesar Flores – Tupanciretã/RS

TODOS CONTRA A DENGUE