A palavra “quase” sempre nos remeterá a sensação de chegarmos próximo, o perto ou aproximado é resultado não completo e este negócio de sempre faltar um pouquinho, frustra, desgasta, desacredita e como dizia minha avó: ”não cria limo”.
Os brasileiros estão sofrendo por este “quase deu” generalizado no país, estamos numa fase inconclusa de muitas decisões vitais. Estamos sempre dando na trave, na reforma da previdência, tributária, administrativa, judiciário, na política partidária e outras tantas.
Não é de se estranhar que pouco ou quase nada, comoveu as pessoas, a anunciada desclassificação da Seleção Brasileira. Ganhar uma Copa exige mais que técnica, táticas, teorias e mimimi recatado.
Outras equipes também reúnem qualidades notórias e enfrentam esta era moderna da bola com chip, de vídeos incontestáveis de igual para igual.
O amor cívico corre soberano, em campo, nas ruas, arquibancadas. Patriotismo é sentimento e transcende nas lágrimas, suor, camisa, garra e sorrisos.
As finalistas mostraram futebol completo, conjunto total, ou tudo, porque, as que levaram para a Rússia o quase, já estão em casa.
E assim, segue a vida e suas incompletudes, quem sabe seja para que não paremos nunca de tentar a perfeição do que nos cerca. Bem como, exemplifica o filósofo e escritor José Luís Nunes, afirmando que há uma distância fundamental entre as palavras e os gestos de cada homem.
As palavras prometem mundos, os gestos constroem-nos. As palavras esclarecem pouco, os gestos definem quase tudo.
Assim é válida a tese de que o corpo fala e nossos trejeitos são reveladores, verdadeiramente, somos quase tão difíceis de contentar quando temos muito amor, como quando não temos nenhum.
O escritor inglês, Antony Trollope, sobre a liderança afirma que maravilhoso é o poder que pode ser exercido, quase inconscientemente, sobre uma empresa, ou um indivíduo, ou mesmo sobre uma multidão, por pessoa de boa índole e bom intelecto.
Penso que é esta sensação de quase lideres, que tem nos tornados vulneráveis, acostumados e muitas vezes incapazes de atitudes mais firmes, somos há tempo uma pátria de espaços livres para os “quases”.
Mas nada se compara ao apagão e cegueira ideológica, audaciosa e oportunista, que fez deste último domingo, um dos mais emblemáticos para a Justiça e política brasileira.
Em várias partes do dia era clara a guerra jurídica, em momentos, sabor de prestação de conta, noutros, o firmamento da hierarquia e justiça imposta, nestes, “quases sim e quases não”, tinha razão, Voltaire, quando escreveu: “Toda a lei seja clara, uniforme e precisa; impetrá-la é quase sempre, corrompê-la”.
Este imbróglio de difícil interpretação a gregos e troianos, na televisão, jornal e rádio, crescendo e se desenhando de boca em boca, perdeu o bom senso e o real sentido das regras, das leis. Reforçando um Brasil de quase governo, da quase justiça, da quase potência.
Que na próxima eleição, os pretendentes sejam “livres” dos enredos, da corrupção, dos conchavos da justiça, chega dos QUASE.
Abraços