Atualizada às 16h de 11/12/2019.
Logo que iniciei o JM Digital tive alguns problemas de aceitação, tenho até hoje, mas não é como antes. Ainda bem! O jornal “O Semanário”, produziu um importante espaço na história local, embora arrojado e destemperado, por algumas vezes, o ‘By Rengo’, escrito abaixo do título principal, já deixava subentendido de quem seriam aquelas frases enigmáticas e algumas vezes transformadoras, uma tradição, seguida por jornais que antecederam o periódico. Habilidade de fazer jornalismo em uma cidade sem interesse pela leitura.
Então, algumas semanas após o início da migração do of-set para a mídia eletrônica o JM Digital foi constantemente citado na coluna ‘O Tubarão’, algumas vezes havia passado por ali, meio que despercebido, mas naquele período a critica foi forte, resenha braba, também não deixava barato – parecia desgastante, com o tempo percebi que era MOTIVAÇÃO.
Eu, cheio de coragem, respirei fundo e liguei para redação do jornal, tinha que fazer alguma coisa, não poderia continuar a permitir que o projeto perdesse credibilidade, quem sabe até o SITE deixaria de existir naquela ocasião. Após 15 dias de espera, consegui uma reunião com o então presidente da ADJORI (Associação dos Jornais do Interior) vinha de uma jornada de trabalho na capital do Estado. Tarde fria, em um conversa que se estendeu até anoitecer. Ali me apresentei, revelamos afinidades, rememoramos amizade familiar de longa data, cultivamos respeito. Passei a admirar o jornal, e toda sexta-feira, o Ari aparecia por aqui, com um ‘jonalzinho’.
Dois anos depois, toca o telefone, do outro lado da linha, Renato Carvalho, o ‘Renatinho’. Ainda escuto a voz dele dizendo o próprio nome. Era uma proposta, sim, fiquei um pouco desconfiado no início, a gente que fica um tempo na tarimba não acredita em barbadas. Marcamos, e fui até ele.
Tem que ser você
Renato estava à frente de seu tempo, a ideia era montarmos uma web TV, programação local, com entrevistas, coberturas jornalísticas em uma plataforma digital. Nas entrelinhas da conversa o aviso claro de que estaria partindo, uma ilustração definitiva de que a passagem era uma questão de tempo, uma aposta de continuidade. Inicialmente uma das propostas é que fosse trabalhar no Semanário, recusei.
Questionei: - Por que, eu?
Respondeu: “ – Tem que ser você”!
E, debulhou qualidades que na visão dele eu tinha, mas na minha concepção ainda não havia percebido. Enchi-me de orgulho!
Falamos também sobre a reformulação do processo digital, que ele implantou depois, contou sobre a ADJORI orgulho do jornalista. Antes mesmo do “boom” da notícia on-line, o periódico possibilitava a publicação eletrônica gratuita das edições, na rede mundial de computadores, foi um empreender na internet, muito antes de ZH Digital, acredite.
A conversa seguiu e foi ganhando força no decorrer dos dias, na semana seguinte sugeri alguns tópicos à coluna que tanto temia, logo, aquele propósito se perdeu no excesso de compromisso de ambos, ele muito mais obviamente.
Mais uma lacuna, e, há seis meses aproximadamente enviei uma mensagem via Whatsapp, queria retomar aquela conversa, aprofundar a pauta e quem sabe elaborar o projeto. Não deu tempo. Na nossa última conversa, em 13 de setembro de 2019, às 17h, ele respondeu:
“- Oi tudo bem, estou em Júlio, indo para Tupã”.
Com os compromissos da Semana Farroupilha se aproximando e a cobertura do 1° de Setembro que foi substituída para o dia 15 daquele mês- protelei o contato. Semanas depois ele foi internado e veio a óbito neste domingo (08), após 60 dias de tratamento hospitalar.
Tem uma curiosidade sobre ele que ninguém comentou, mas como sou filho de comunicador, uso as experiências próximas para afirmar a vocês que, antes da carreira icônica no jornalismo do interior gaúcho, Renato Carvalho foi sonoplasta, PELICA SOM, quem acreditaria.
Renato Carvalho ficará na memória de todos nós. Exemplo de superação, inteligência ímpar e contribuição a história recente de Tupanciretã.
