A 25ª edição do programa Campo Web, que oferece ao público do JM Digital um bate-papo inteligente sobre o agro todos os sábados pela manhã, entrevistou Abdalah Novaes, da empresa Bayer, que atua como líder da plataforma de agricultura Climate FieldView que, baseando-se em ciência de dados, auxilia produtores no gerenciamento de operações desde o plantio até a colheita.
Falando diretamente da cidade de São Paulo, onde trabalha, Abdalah deu detalhes da sua posição de líder do FieldView da Bayer:
- “É uma Honra muito grande estar nesse desafio junto com minha equipe. Entrei na Bayer há pouco mais de dez anos, logo depois de sair da faculdade. Tive várias oportunidades de perceber que o agro é a máquina que vai fazer o nosso país ir para frente. Estamos com essa oportunidade de, junto com a Bayer, transformar o mercado mais uma vez. Porém, agora, utilizando do digital, que será uma peça fundamental para seguir enfrentando os desafios nos próximos anos”.
O auxílio do meio digital na produção agro vem ganhando cada vez mais espaço entre os produtores. Abdalah comentou sobre a aceitação da tecnologia auxiliando o trabalho no campo, e detalhou números relativos ao FieldView da Bayer:
- "Globalmente, estamos conectados em mais de 60 mil máquinas, e temos mais de 60 milhões engajados digitalmente no FieldView. O Brasil cresceu, no ano passado, mais de duas vezes o crescimento global. O que conquistamos em área e números de produtores em três anos, os Estados Unidos levaram seis anos para conseguir. Tenho certeza que, apesar de muitas barreiras, a curva de adoção do digital tem se acelerado. Nosso ritmo de crescimento está muito na frente. Aqui no Brasil temos uma trinca muito sólida que ajuda nisso: o produtor, que acostumou a testar novas tecnologias; um sistema de consultoria muito forte, ajudando no trabalho; a vocação das empresas, que estão no campo, fomentando”, disse, ressaltando a produtividade brasileira em relação à norte-americana.
O agro contemporâneo também tem prestado cada vez mais atenção ao chamado ESG (traduzido para português como ‘ambiental, social e governança’). Filosofia que pensa a produção agrícola atrelada à sustentabilidade, a questões sociais e à capacidade de gestão. Abdalah ressaltou que, embora esses princípios tenham vindo à tona nos últimos anos, muitos produtores já observavam essas variáveis:
- “A estratégia do ESG está aí há quase mais de dez anos. Algumas empresas já olhavam para esse tema, e que bom que estamos falando cada vez mais disso. O papel do digital no auxílio ao agro, para mim, será o de facilitar a compreensão de como o ESG traz resultado. Muitos produtores já aplicam o ESG mesmo sem saber.”
E enumerou exemplos da filosofia ESG orientando a agricultura:
- “Falemos da parte ambiental. Vivemos em uma sociedade que está criticando muito o papel do agro. Para mim, o digital irá ajudar a mostrar o que é fato e o que são informações mal interpretadas. Com ferramentas e tecnologias, iremos mostrar que há muitas empresas seguindo os protocolos ambientais. No componente social, acreditamos muito que o digital na área do agro, será muito democrático. Porque o custo de aquisição de conhecimento digital, comparado a outras áreas do agro, é muito mais barato. Isso pode trazer um retorno social um pouco diferente das outras tecnologias que tivemos no agro. E quanto a governança, ela entra no mesmo papel. Na maneira em como usaremos as tecnologias para garantir que consigamos uma produtividade que, de fato, traga mais retorno, e seja perene”.
O líder da Bayer na área de FieldView comentou então sobre mudanças no perfil de trabalho dos produtores brasileiros que facilitam a aceitação do meio digital:
- “Mais ou menos metade dos produtores do Brasil estão dispostos a compartilhar lucro e prejuízo com as indústrias e consultores, mediante resultado. Está havendo uma mudança de comportamento muito significativa do produtor brasileiro. E essa mudança irá permitir a inserção do digital. Porém, se não conseguirmos facilitar para o produtor o processo produtivo através da integração de plataformas, ele deixará isso de lado. Pois será tão complexo, que acabará atrasando os serviços. É responsabilidade das empresas construir essa integração”, ressaltou.
