O Programa Campo Web, bate-papo inteligente sobre o mundo agro comandado por José Domingos, entrevistou, no último sábado (21), o sócio proprietário do Grupo SA, Edimar Ceolin. Tendo fundado a companhia junto de seu irmão Pérsio, Edimar iniciou contando sobre suas origens na lavoura:
- “Antes de iniciarmos nossa trajetória em Santiago, plantávamos em Tupanciretã, com matriz em Santa Tecla. A região sempre foi uma das concorridas para o plantio. Há 24 anos, eu e meu irmão Pérsio traçamos uma meta: nosso pai plantava 270 hectares, e eu e meu irmão tínhamos o objetivo de plantar cerca de 2000 hectares. Em 2002, com uma meta de expansão mais avançada, começamos a olhar outras regiões do Rio Grande do Sul. Viemos para Santiago, conhecer uma área onde a estrada era dificultosa. Com força de vontade, na primeira chegada que fizemos na área, decidimos ficar”, explicou, destacando como a região de Santiago não era muito prestigiada na época.
A chegada em Santiago também foi um ponto de partida para reformulações na companhia, que ainda não se chamava Grupo SA:
- “Quando chegamos em Santiago, o Grupo SA era apenas a Agropecuária Santo Antônio, que hoje cobre a granja e a parte bovina. O Grupo SA foi formado dez anos atrás, quando partimos para outros investimentos e achamos que tínhamos que mudar a marca, pois haviam outras agropecuárias com o mesmo nome”.
O início na região não foi fácil: demandou força de vontade e trabalho duro:
- “Na primeira leva, plantamos 370 hectares, toda a área arrendada. Era uma área bem degradada, onde a adubagem era, quase em sua totalidade, nos métodos sulcador e adubo na linha. Iniciamos desmanchando curvas dentro da área, e tivemos a sorte de pegar uma safra boa. Isso é coragem junto de sorte e competência”.
Porém, com dedicação e profissionalismo, os avanços foram aparecendo e o trabalho foi recompensado:
- “Na safra 2003-2004, já tínhamos mais do que dobrado de área, chegando aos 900 hectares. Quando chegamos em Santiago, pagávamos sete saco por hectare e éramos taxados de loucos pelo preço do arrendamento. Sabemos que, em um primeiro momento, quem chega de fora não agrada muito a vizinhança. Nossa família sempre nos deu apoio e, em 2004, fizemos colheita de 19 sacos”.
A produtividade possibilitou a ampliação dos negócios, e o grupo passou a investir na criação de gado:
- “Na virada de 2004 para 2005, ingressamos também na pecuária, outro desafio que tivemos que aprender. Quando arrendamos uma área, tivemos que pegar também o gado. O acordo era de que, em quatro anos, devolveríamos meio dobre pelo peso. Era o que precisávamos de dinheiro na época: pegar o gado e engordar, vender e fazer o capital de giro. Na safra 2006-2007, fomos bem. Sempre plantando trigo, pois aqui é uma região onde há menos perda por geada em comparação a Tupanciretã, pois estamos a 100m de altitude abaixo de Tupã. Aqui geralmente é um pouco mais quente”, disse, afirmando que o Grupo SA nunca parou de investir e valorizando o apoio dos colaboradores, essenciais para o sucesso do grupo.
O sucesso nos negócios também veio com investimento intelectual. O curso superior, agregado à experiência na lavoura propiciou ambiente para o Grupo SA prosperar:
- “Entre 2007 e 2008, ainda sem o segundo e o terceiro ano de ensino médio, eu não podia ingressar na Universidade. Agradeço minha esposa pelo incentivo, e corri atrás do EJA à distância para prestar o vestibular na URI Santiago. Os exames foram muito concorridos, mas em 2008 ingressei na faculdade, para me formar engenheiro agrônomo”, disse, afirmando que o diferencial da experiência na lavoura permitiu maior facilidade na gestão da propriedade.
Apesar de enfrentar intempéries climáticas, Edimar e Pérsio não se deixaram vencer, reconstruindo todas as perdas e retomando os trabalhos depois de cada avaria:
- “Pegamos dois temporais na diferença de três anos, sendo que um aconteceu 30 dias depois de termos construído galpão de 2500 metros: 100% do maquinário foi derrubado. Também aconteceu de 60% a 70% da granja vir abaixo, mais telhados levantados. Em outro episódio, perdemos 700 hectares de soja. Para o trabalhador, é uma situação difícil. Mas isso nunca nos desanimou".
Ao lembrar dos parceiros que mais lhe ajudaram e inspiraram, Edimar citou Nilmar Teixeira, pai de José Domingos. Momento onde ambos se emocionaram:
- “Na caminhada da vida, conhecemos pessoas boas que nos ajudam. Por exemplo, Nilmar Teixeira, pai do Zé Domingos, que foi um dos maiores parceiros, que me ensinou muito. A admiração é grande e a lembrança é emocionante. Sempre tentei puxar os colaboradores para o meu lado, e trabalhar sob o meu sistema. Tento ensinar o que estão entrando. Para quem buscar crescer, eu digo: passar dos 2000 hectares é um passo muito grande, pois já não é possível acompanhar todos os processos; com o aumento dos hectares fica cada vez mais complexo o manejo. Hoje temos RH, técnico de trabalho, gerente. Todas pessoas competentes”.
Com a fama de “louco” por ter coragem para desenvolver trabalhos de grande porte, o Grupo SA passou a produzir também na região de Alegrete, onde também teve ótimo retorno:
- “Há sete anos atrás, em 2014, fomos para Alegrete. Novamente, fomos taxados de louco, pois estávamos em um momento financeiro bom, com metas cumpridas. Conheci Cássio Bonotto, e iniciamos a primeira área no Alegrete. Na região, muitas áreas não permitem o plantio de trigo, canola, aveia branca, por serem úmidas. Então, acabamos lidando com a pecuária. Hoje, a área de Alegrete já ultrapassou a de Santiago. Sempre buscamos algo mais”.
No momento atual, a nova “loucura” foi iniciar a cultura do arroz:
- "Contratamos um agrônomo e partimos para o plantio de arroz. Vamos iniciar com 150 quadras de arroz, área considerável. Graças a Deus, estamos bem adiantados e com a área pronta para, em 20 de setembro, iniciar a semeadura".
Outro diferencial do Grupo SA é o uso de helicóptero para monitoramento da área plantada. Edimar detalhou o uso do veículo aéreo, exemplificando seu custo-benefício:
- “Temos o único helicóptero agrícola liberado pela ANAC no Rio Grande do Sul. Quem tiver alguma dúvida quanto ao helicóptero valer o investimento, digo o seguinte: ao subir num helicóptero e voar 30 minutos, é possível ver os furos e problemas que podem ser corrigidos a tempo. Ocorreu uma dúvida em determinada, pousamos e investigamos. Em quatro horas, consigo observar todas as nossas áreas. Se fosse de caminhonete, demoraria três dias. Além disso, com a qualidade das estradas, se torna um instrumento de trabalho imprescindível. É um retorno inteiramente garantido. Um helicóptero de primeira linha custa muito menos do que uma colheitadeira”.