A possibilidade de haver a utilização do herbicida hormonal Dicamba na atual safra, que contará pela primeira vez com uma variedade de soja tolerante ao agrotóxico, motivou a realização de uma reunião extraordinária da Câmara Setorial da Soja nesta quarta-feira (27). A reunião foi convocada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), a pedido da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/RS).
O vice-presidente da Aprosoja/RS, Luís Fernando Fucks, manifestou a preocupação da entidade sobre a utilização do Dicamba nesta safra no Estado.
O gerente técnico de soja para a América Latina da Bayer, Matheus Palhano, esclareceu que, desde 2018, a formulação do produto passou por alterações para evitar a volatilidade em até 85%.
Para o vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, é preciso observar e ter cautela sobre o uso do Dicamba no Estado:
Esta percepção foi confirmada por um levantamento apresentado pelo chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da SEAPDR, Rafael Lima. De janeiro a setembro de 2021, foram comercializados 30.948 litros de Dicamba no Rio Grande do Sul, a 469 usuários distintos. A maior parte das aquisições foi de menos de 100 litros do produto.
Com os dados levantados, a Divisão fez um monitoramento com os produtores sobre a aplicação do Dicamba.
Outra questão identificada pelo levantamento foi a falta de conhecimento do próprio responsável técnico sobre o produto: receitas agronômicas indicavam o uso do Dicamba para combater ervas daninhas que contam com outros princípios ativos à disposição no mercado.
Sobre este assunto, a Câmara Setorial determinou os seguintes encaminhamentos: solicitação para que a Bayer conduza mais estudos sobre o uso do Dicamba no Brasil, junto à Embrapa ou outras entidades de pesquisa; atualização das bulas com informações sobre as pontas de aplicação homologadas; necessidade de ampliar capacitação de produtores e aplicadores; inserção do uso do Dicamba como pauta da próxima reunião da Câmara Setorial Nacional da Soja; e encaminhamento de ofício aos conselhos profissionais dos responsáveis técnicos por prescreverem esse tipo de produto, para que promovam treinamentos entre seus associados.
Conjuntura da distribuição de insumos e fertilizantes
Outro ponto de preocupação para o setor produtivo, o temor de escassez de insumos agrícolas, como defensivos químicos e fertilizantes, foi a segunda pauta de reunião proposta pela Aprosoja/RS.
A diretora da divisão de defensivos químicos da Croplife Brasil, Andreza Martinez, explicou que a escassez se deve ao panorama mundial de pandemia e restrições energéticas enfrentadas pelos setores industriais e de mineração na China.
Como encaminhamento, ficou definido levar à Câmara Setorial nacional a discussão sobre a reativação das indústrias nacionais de insumos e fertilizantes, de forma a reduzir a dependência dos produtos importados.