O Programa Campo Web do último final de semana de outubro bateu um papo inteligente com a sócia fundadora da Moeda da Terra, Franciele Linck. Falando sobre relação produtor e comprador, Franciele detalhou o procedimento adotado pela empresa na intermediação de vendas e o método de trabalho.
Falando da comercialização de soja, que é o foco da empresa, Franciele também explicou pormenores de questões econômicas referentes à variação do dólar e da Bolsa de Chicago, e fez comentários sobre as próximas safras, no Brasil e nos Estados Unidos.
Franciele iniciou falando sobre a origem da Moeda da Terra:
- “Nossa intenção, desde nossa criação, é fazer com que os produtores tenham seus ganhos ampliados. Como sou filha de produtores rurais, acompanhei as dúvidas de meu sobre o momento de vender a produção. Sabemos a dificuldade que é produzir, dependendo do clima e de outros fatores que não há como controlar, e, além disso, a questão da comercialização, de não saber o momento da venda. Então, fui em busca de mais conhecimento, inicialmente para a nossa família, e depois fui expandindo. A moeda do produtor é o que ele produz. Somos especialistas em soja, atuando no mercado há seis anos”.
E resumiu o método de trabalho da corretora:
- “Pensamos na comercialização, focando trabalhar todas os compradores do mercado, identificar quem está pagando mais, para poder direcionar a oferta do cliente e fazer com que ele tenha maior rentabilidade”.
Para detalhar melhor o procedimento de venda, Franciele apresentou conceitos de economia relativos à bolsa de valores e câmbio internacional:
- “O preço da soja é formado por um tripé: Bolsa de Chicago, dólar e premium. A Bolsa de Chicago serve como referência mundial para o preço da soja. Todo o mercado acompanha suas oscilações. Como a maior parte da soja brasileira é exportada, quanto mais alto estiver o dólar, mais iremos receber pelo nosso produto. Por isso, é importante acompanhar as variações do dólar. O premium é como se fosse um ágio ou deságio sobre a Bolsa de Chicago. Aí entra também a questão logística”.
Com base nesse conhecimento, explicou como trabalha a Moeda da Terra:
- “Todos os dias, pegamos os preços de todas as trades. O dólar será o mesmo para todas, mas, pelo premium conseguimos identificar quem está com mais apetite de compra. Esse é o nosso trabalho enquanto corretor: acompanhar esses compradores, além das oscilações do dólar e da Bolsa de Chicago. Trabalhamos apenas com o mercado físico, não operamos na bolsa diretamente. Atendemos produtores rurais, cerealistas e cooperativas, que vendem para trading ou para a indústria. Fazemos esse “meio de campo” da negociação do físico. O documento que formaliza isso é um contrato onde consta quantidade e qualidade do produto. Na maioria das trendings, é de volume mínimo de 3000 sacas para entrega no porto, ou então de 5000 sacas, quando o comprador vem buscar no armazém do vendedor. No contrato também está estipulado o valor, período de entrega e data de pagamento, que ficam fixos”.
Franciele detalhou ainda como se dá a confirmação de um negócio:
- “Na comercialização de soja, o negócio é instantâneo. Independentemente do que acontecer depois com o preço, há a garantia de pagar o preço que foi firmado. Ao mesmo tempo, na bolsa, as negociações são em volume maior do que o produto físico. Existem especuladores, e isso gera liquidez”.
Falou então de parcerias da Moeda da Terra com outras corretoras:
- "Somos parceiros, há três anos da Rossul, consultora de Pelotas com mais de 30 anos de atuação no mercado, especializada em arroz. A Moeda da Terra veio para Pelotas porque há um crescimento da cultura de soja na região, e também por estarmos a 80 km do porto (de Rio Grande). Mas conseguimos atender todo o RS, e temos uma parceria grande com empresa do Mato Grosso (Granel Corretora), que trabalha com a cultura do milho e também faz operações na bolsa”, disse, informando que direciona os clientes interessados em atuar na bolsa para a corretora mato-grossense.
Comentou da safra americana e sua influência no mercado de venda:
- Hoje, o preço da saca de soja a R$ 160 não é o melhor que já tivemos, mas temos que ser realistas, e ver as variáveis que estão influenciando e podem impactar daqui em diante. A safra dos Estados Unidos já está com 72% colhido, com uma produtividade e estoque maiores do que o mercado estava esperando, o que fez a bolsa cair. Agora, o que é importante irmos acompanhando é o tamanho da demanda. Precisamos que a demanda continue acontecendo. A China é o nosso principal consumidor e temos todos essas questões de crise energética."
E falou também da safra no Brasil, que está em início de ciclo:
- “Agora, os olhos se voltam para o Brasil. Questão de desenvolvimento das lavouras e comportamento climático, para sabermos o tamanho da oferta que teremos, e isso vai impactar na Bolsa de Chicago e no preço que iremos receber. Não esquecendo do dólar, que está com volatilidade muito alta. Isso faz com que tenhamos insegurança”.