Campo Web do último sábado (20) conversou com Filipe Moura, da Equalizagro Consultoria e Tecnologia em Aplicação
O profissional revelou detalhes de diferentes estágios da aplicação de herbicidas, inseticidas e fungicidas, dando dicas de trabalho para uma melhor produtividade
Publicada em 26/11/2021 às 11:36h
Leonardo Pinto dos Reis - estudante de Letras
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(Foto: JM Digital)
O Campo Web do último sábado (20), bateu um papo inteligente com o engenheiro agrônomo Filipe Moura, da Equalizagro Consultoria e Tecnologia em Aplicação. A conversa focou no uso de produtos para combate às pragas da lavoura, focando em melhores alternativas para o produtor que busca uma utilização com maior rendimento e eficácia dos seus produtos.
No início da conversa, Filipe falou sobre a Equalizagro:
“A Equalizagro é sediada em Cruz Alta, e hoje trabalhamos em praticamente todo o Brasil, com pessoas dedicadas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Também temos uma consultoria no Paraguai. Baseados, muito exclusivamente, na informação e na tecnologia de aplicação. Nossa grande busca é o ajuste fino, que não é tão fino assim. Muitas vezes acarreta em impacto de até 15% na produtividade. Trabalhamos em um tripé: consultoria, pesquisa e treinamentos. O treinamento é muito importante porque propicia informação nova. Nossa consultoria hoje inclui mais de 300.000 hectares, com capacidade de expansão”, informando também o Instagram da empresa: @equalizagro.
Falando sobre tecnologia de aplicação, destacou a importância do conhecimento chegar ao profissional aplicador:
“O profissional (que trabalha no pulverizador) é fundamental. Sempre apostei em sair do básico, pois seguindo o simples, estamos há 30 anos fazendo a mesma coisa sem nenhuma grande evolução. Se não levarmos a informação para o aplicador, não adianta ficarmos discutindo. Muitas vezes se tem a presunção de que o aplicador não irá entender as instruções”.
Então, comentou sobre a condição da água a ser utilizada durante a aplicação dos produtos:
“Existem muitos mitos em relação à qualidade da água. Dureza de água é um ponto muito importante. Coloquei a água em uma garrafinha e não consigo ver o outro lado, então essa água não serve para aplicação, pois a argila e a matéria orgânica degradam o herbicida”.
E explicou relações calculadas em relação à gota quando da realização da aplicação:
“A vida média da gota se estima a partir do delta T. Esse delta T é a diferença de temperatura entre o termômetro com bulbo úmido e o com bulbo seco. Com um delta T de valor quatro, terei uma gota que dura 300 segundos em queda livre. O delta T e o peso da gota são altamente relacionados. Hoje, equipamentos estimam o delta T diretamente”.
Filipe falou também do recurso de controle automático da vazão:
“Em termos de equipamento, o ponto que julgo mais importante de discutir é o controle automático de vazão. Ele foi difundido como uma solução mágica: tu digitas 80 litros por hectare, e sai aplicando. Mas será que a máquina vai soltar essa quantidade? Porém, cada máquina é diferente em termos de precisão. Existem máquinas mais ligeiras, que terão problemas de estabilidade. E outras que são estáveis, mas são lentas para alcançar a dose programada. Desde cerca de 2011, os equipamentos estão prontos para aplicação com taxa variável. Ainda há muito para estudar a respeito dessa taxa, não é tão simples assim. Mas, existe a aplicação localizada: com drones, conseguimos localizar as áreas da planta daninha e ligar a pulverização apenas nessas áreas”.
Em seguida, foi o momento de falar dos óleos a serem misturados junto dos produtos aplicados:
“Podemos dividir em três grandes grupos: mineirais, metilados e vegetais emulsionáveis. O mineral tende a ser mais agressivo, o vegetal metilado é o intermediário, e o vegetal emulsionável é o menos agressivo. Agora, alguns produtos necessitam de um óleo agressivo, como a maior parte dos herbicidas. O metilado vai muito bem com produtos que demandam óleo e são agressivos. O emulsionável são interessantes em produtos que já são agressivos, e para aplicação aérea”, disse, ressaltando que o óleo mineral é o mais utilizado.
O engenheiro agrônomo também explicou sobre a influência do ph:
"O ph de calda é muito importante. Temos mais perdas e ganhos devido ao ph do que pela compatibilidade entre produtos. Evitamos usar o ph ideal, e nossa curva é dois, quatro, sem alteração e oito. Assim, sabemos se o produto é sensível ao ácido, sensível ao alcalino, ou não é sensível ao ph. E assim balizamos nossa mistura. Hoje, temos 28 fungicidas já avaliados, com curva definida. Não existe ph para fungicida, herbicida ou inseticida. Existe ph em relação ao produto, pois cada um pode ter um nível diferente de sensibilidade".