O Programa Campo Web do último sábado (27) conversou diretamente com os webespectadores do mundo agro, destacando diversos pontos de interesse para as próximas culturas. A volta da chuva, desafios da safra de soja e a nova situação brasileira no mercado mundial da oleaginosa foram os principais do bate-papo inteligente dirigido pelo engenheiro agrônomo José Domingos.
- “A tão esperada chuva chegou na última quinta-feira (25) em Tupanciretã e em todo o estado. Tivemos de 17mm a 40mm de precipitação. Alguns locais estavam já com 34, 35 dias sem chuva. Um alerta vermelho na agricultura, em especial para a cultura do milho sequeiro”, disse, explicando como é feita a medição do volume de chuva: “Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. Assim, quem teve 40mm de chuva, teve 40 litros de água por metro quadrado”.
Espantando a estiagem, a chuva reavivou os procedimentos de semeadura da soja:
- “Na última sexta (26), quem ainda não tinha terminado de semear a soja voltou às atividades. O Rio Grande do Sul ainda tem cerca de 20% da área de soja para ser semeada, assim, o plantio deve continuar por mais alguns dias. A semeadura da oleaginosa ainda está dentro da janela ideal”, disse, ressaltando a importância da umidade do solo no momento do plantio.
A necessidade de readaptação se faz presente para os produtores, devido à proibição da comercialização de determinado defensivo agrícola:
- “O gramoxone. Esse produto possuía uma ação abrangente, e a maioria dos agrônomos e produtores trabalhavam com ele. Assim, surgiu a dúvida sobre como esse produto será substituído”, disse.
Em seguida, detalhou os custos da lavoura para a safra que está sendo semeada:
- “Os custos dos herbicidas subiram bastante, e a cultura da soja exige o controle efetivo das plantas daninhas. Dentro das condições ambientais, estamos aguardando outras alternativas da biotecnologia. Porém, hoje, nosso custo com herbicida passa a ser bem significativo: passa de R$ 630 por hectare. Quanto aos inseticidas, temos custo de cerca de três sacas por hectare. Em relação a fungicidas, mais sete sacos por hectare”.
E apresentou sua perspectiva sobre como melhor garantir uma lavoura mais saudável:
- “O melhor herbicida da lavoura são as plantas. Deixar uma área sem utilização, durante o inverno, sem nenhuma cultura, isso custa muito caro. Um exemplo disso é um terreno baldio: lá, encontramos bastante plantas daninhas, que possuem fácil adaptação ao ambiente e sementes com facilidade de germinação. Recentemente, o RS colheu a safra do trigo, e a grande dificuldade foi o controle das plantas daninhas. Isso será refletido na safra da soja”.
O preço da soja é regulado pela Bolsa de Chicago. Porém, o Brasil, como maior produtor mundial do grão, adquiriu status para poder participar dessa regulamentação:
- “O Brasil, maior produção de soja do mundo, tem o direito de ser o balizador da cultura da soja. Onde será o ponto de equilíbrio para balizar o preço? Será o Porto de Santos, que possui grande volume e capacidade de pagamento de prêmio, que é um dos mecanismos para melhorar o preço da soja”.
José Domingos também fez estimativas sobre o movimento do mercado em relação às lavouras que estão sendo plantadas agora, comparando com o contexto financeiro do ano passado:
- “As vendas futuras de soja desse ciclo que está sendo semeado no estado ainda não chegaram a 16%. No ano passado, já tínhamos 35% da soja vendida. As vendas de mercado futuro diminuíram, mas o preço da soja em lote futuro está praticamente com valor 115% maior do que o ano passado”.
Além disso, detalhou os números da produção brasileira da oleaginosa:
- "Hoje, 72% da soja brasileira vai para o mercado externo. Suprimos cerca de 121 países, tendo a China como o principal cliente. Temos a projeção de produção de mais de 140 milhões de toneladas no Brasil, enquanto o mundo inteiro deverá produzir 340 milhões. Ou seja, mais de um terço da produção de soja mundial é realizada no Brasil”, disse, pensando na influência das eleições no aspecto da comercialização dessa commodity.