O bate-papo inteligente iniciou com Felipe contando sobre sua formação profissional:
- “Em 2005, entrei no curso de agronomia da Universidade Federal de Santa Maria. E sempre tive essa ideia de atender o produtor de forma independente e personalizada. Em 2012, abri minha empresa. Começamos com projeto e consultoria e, em 2015, incluímos também a parte de pesquisa”.
Então, apresentou dados da estiagem na região de Espumoso:
- “Sem água, não temos nada. Mas, em pesquisa, tudo se aprende. Esse ano, temos uma estiagem muito severa aqui na região de Espumoso. A última chuva consistente foi no dia 23/10. Mas a pesquisa nos prepara para todo tipo de situação. Temos a vivência prática. Estamos no campo tanto na parte da consultoria como na parte da pesquisa”.
Em seguida, o consultor explicou estratégias de planejamento que permitem uma situação melhor ao agricultor em tempos de dificuldades climáticas:
- “Trabalhamos muito forte com a parte de planejamento. Mas, esse plano precisa contemplar também a variação do clima. Quem plantou um pouco em outubro, um pouco em novembro e tinha cultivares para plantar um pouco mais tarde, teve uma tranquilidade maior. O planejamento serve para direcionar as ações, e deve envolver a parte técnica, a parte gerencial, investimentos”, disse.
Como o mundo agro é dinâmico, a conversa também incluiu prognósticos financeiros para safras futuras:
- “Tivemos um aumento significativo nos custos de produção. Fertilizantes e alguns herbicidas vem impactando muito no sistema produtivo. Temos trabalhado bastante com o sistema de produção inteligente. Isto é, culturas que tragam benefícios umas para as outras, como controle de plantas daninhas, estruturação de solo, ciclagem de nutrientes”, disse, destacando o equilíbrio entre a produtividade e o custo.
Tratando de métodos que otimizem a plantação, Felipe destacou a preferência por plantas de cobertura:
- “O pousio tem de ser exterminado do nosso sistema. O produtor que não consiga implantar uma ervilhaca, que possui um custo maior, deveria utilizar centeio. Isso vai agregar. Na safra passada, o retorno líquido chegou a mais de R$ 1000, comparando o pousio às plantas de cobertura”.
Mas destacou que a opção prolongada por uma espécie de planta pode acabar, com o tempo, diminuindo seus impactos benéficos na produção:
- “Todo ano, vínhamos no sistema de aveia. E descobrimos que a aveia incrementa muito pouco em relação ao pousio. Dados da Universidade Federal de Santa Maria também convergem nessa direção. Outras alternativas têm agregado mais”, disse, destacando as características de cada uma das plantas de cobertura.
Ao final da conversa, Felipe detalhou experimento que conduziu no início dessa safra, onde plantou uma variedade de soja de ciclo rápido no início da época de semeadura. Porém, a situação de seca atingiu fortemente a produtividade do cultivar:
- “Fizemos um experimento de semeadura de um cultivar precoce em época de abertura de semeadura. Essa planta pegou chuva boa em outubro e, depois disso, não pegou 30 mm. Devido à época em que foi plantada, essa variedade foi muito atingida. Tivemos uma colheita de 2,1 sacos por hectare. Tivemos muita debulha no campo. Não temos um grão bem formado. E nem chegamos à classificação comercial de soja. Estamos preocupados com esse cenário”.
O consultor Felipe garantiu atenção especial aos produtores dentro desse cenário de dificuldades:
- “Esse ano, temos o vazio sanitário no Rio Grande do Sul. A colheita terá de ser muito avaliada e pensada. Infelizmente, neste ano, teremos de pensar onde que perderemos menos e como poderemos maximizar o que temos. Estaremos ao lado do produtor para fazer isso”, finalizou.