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Espaço Agrícola

Agrônomo José Domingos comenta as consequências da estiagem e o prognóstico para a safra de 2022

Prejuízo da lavoura de soja e implicações da falta de água para pequenos produtores foram abordados na entrevista

Publicada em 02/02/2022 às 18:36h | Leonardo Pinto dos Reis - Estudante de Letras 

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Agrônomo José Domingos comenta as consequências da estiagem e o prognóstico para a safra de 2022
 (Foto: JM Digital)


O atual cenário de estiagem modificou todo o contexto do agro na Terra da Mãe de Deus, afinal, sem chuva, não há desenvolvimento do que plantado. A falta de água afeta a produtividade das lavouras e também dificulta a criação de animais, como o gado de leite. A seca da safra 2021-2022 é uma das piores dos últimos tempos, com prejuízos generalizados em todo o estado. 

 

Em entrevista para o JM Digital na manhã desta quarta (2), o agrônomo José Domingos comentou a situação de estiagem e as implicações que a falta de chuvas traz para as lavouras do município. Estamos passando por uma das maiores secas dos últimos 30 anos: 

  • “O clima é responsável por 51% das nossas ações, decisões e resultados. Olhando para trás, vemos grandes estiagem que já aconteceram, como a de 1985, a qual foi sucedida por chuvaradas em 1986. Mas estamos em um momento marcante da nossa história. Se classificássemos através das bandeiras, teríamos 30% de bandeira vermelha, e 70% de bandeira preta. Estamos com os menores índices pluviométricos dos últimos 32 anos”, disse, citando secas anteriores, como as de 1996, 1997, 2004 e 2005. 

 

 

 

 

Buscando amenizar os prejuízos causados pela estiagem, muitos produtores anteciparam o início da colheita da soja em mais de um mês. Ainda assim, o número de sacas por hectare está muito abaixo da média. José Domingos explicou essa situação: 

  • “O agricultor necessita obedecer a orientações diretas do Ministério da Agricultura referentes à semeadura da área de soja. O RS não pode semear soja a partir de 31/1, por questões fitossanitárias e de preservação da cultura. Então, vejam o caso de dois agricultores de Tupanciretã. O Grupo AWG, abriu a colheita dia 31/1, em torno de 35 dias antes da programação ideal do ciclo da cultura, e está colhendo seis sacos por hectare. Isso significa que a soja morreu. A família Chelotti colheu 423 kg de soja por hectare. Em condições normais, a colheita é de 60 até mais 90 sacos por hectare. O prejuízo chega a R$ 14 mil que não serão colhidos. Quanto às pequenas propriedades, já estão largando o gado de leite dentro das lavouras de soja para se alimentar, pois não há mais esperança de colheita nesses locais”, revelou o agrônomo, referindo ao vídeo que viralizou nas redes, no qual o produtor tupanciretanense Marcelo Chelotti mostra as difíceis condições de sua plantação de soja.  

 

Também foi destacado o efeito dominó que o prejuízo da agricultura causa na economia do estado: 

  • “Mais de 70% dos municípios gaúchos decretaram Estado de Emergência. O prejuízo chega a R$ 55 bilhões, com o estado deixando de girar R$ 180 bilhões em sua economia. Qual a consequência disso? Haverá reflexo na sociedade por cerca de três, quatro anos”. 

 

José Domingos mostrou ainda como as consequências da falta de chuvas impacta outras áreas da agropecuária, atingindo todos os produtores os rurais: 

  • “90% dos pivôs não está funcionando, pois não há água nos reservatórios. O milho irrigado consumiu 350 mm de água por hectare, e faltou água para soja. E o RS, que sempre teve a responsabilidade de mandar sementes para outros estados, neste ano, não terá semente de soja nem dentro do território gaúcho. Teremos que importar sementes de Santa Catarina e Paraná. A chuva que esperamos agora já não é mais para salvar a lavoura de soja. É para que possamos ter água para a criação de animais e para armazenamento em bebedouros. A única maneira é nos unirmos e seguir trabalhando. Precisamos que o agricultor seja entendido, pois os reflexos são muito grandes, dentro da nossa propriedade e também dentro do município. Queremos uma ação da parte dos governos para que possamos seguir mantendo a produção rural”.

 

 




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