O gaúcho de Ajuricaba se mudou para o Piauí em 2000, em busca de novas oportunidades para o exercício da agricultura.
No início da conversa, Rubens detalhou como se deu essa instalação no interior do nordeste brasileiro:
“Este ano, completo 22 anos morando em Uruçuí, no Piauí. Em 1994, meu irmão mais velho, Marcos, fez a primeira viagem pelo país. Rodou Bahia, Piauí, Maranhão, Tocantins. Em 98, tínhamos a expectativa de que aqui no Piauí era nosso lugar. Fizemos abertura de área com arroz, e então passamos para soja. O milho começou a aparecer em patamar de mercado a partir de 2008. Produzíamos bastante soja, e aí, em conjunto com outros produtores, começamos com o milho para o mercado interno”.
A chegada ao novo território não foi fácil. Diferenças em relação ao tipo de solo e às características do clima eram dificultadores para uma boa colheita. Apesar disso, Rubens Fridrich não desistiu do cultivo da soja em terras piauienses:
“No primeiro ano, trabalhando com a terra seca, colhemos 10 sacas por hectare. Foi um período difícil, onde tive que contar com a ajuda de meu irmão, e cheguei até a vender um carro para poder investirmos. No segundo ano colhemos 58 sacas por hectare, e aí ninguém mais duvidou do Piauí. Acompanhamos mudanças não só no Piauí, como Maranhão e Tocantins. Sem dúvida, a agricultura vem modificando o cenário, transformando o nosso Brasil para melhor”.
Em seguida, o agricultor descreveu aspectos da geografia da região de Uruçuí:
“A topografia encanta: chapadas bonitas, terra plana e extremamente favorável à mecanização. Fomos a terceira leva de produtores que chegaram à região, então já dispúnhamos de dados relativos às chuvas. O período chuvoso inicia no final de outubro. Depois temos o que chamamos de inverno, entre novembro e março. Em abril, a escassez de água começa a se manifestar. De junho a setembro, é raro ocorrer chuvas. Ao longo dos anos, vamos aprendendo a trabalhar a terra”.
Outro ponto levantado durante a conversa por José Domingos, foi o nível de infraestrutura que o produtor dispõe na região:
"A questão da dificuldade de infraestrutura foi a razão de nossa escolha em nos instalarmos em Uruçuí, e próximo à cidade. A malha rodoviária do estado é fraca, e o investimento do estado na metade do sul do estado é muito baixo".
Porém, nas propriedades a situação se inverte: produtos de alta qualidade, acompanhando o mercado, são utilizados pelos agricultores:
“Dentro da porteira, utilizamos tecnologias de ponta em nossas lavouras. É tudo bem adiantado. Esses últimos períodos de bons preços e produções estáveis nos proporcionou essa situação”.
O trabalho no Sindicato Rural de Uruçuí também foi pauta da conversa. Rubens revelou que a inspiração para a atuação sindical veio da família:
“Meu pai me ensinou essa disposição em ajudar. Uma entidade é feita para beneficiar a comunidade como um todo. Desde que cheguei aqui me filiei ao sindicato, e faço parte da diretoria há muitos anos. Hoje, como presidente, estamos tentando fortalecer a entidade e reforçar a importância de se ter um sindicato representativo de classe. Pelo porte das propriedades em nossa região, o agricultor se torna autossuficiente, e não vê a necessidade de se unir em uma entidade. Porém, os órgãos governamentais não querem atender individualmente, mas procuram saber da classe que representa o setor” disse, explicando o papel do sindicato em favor dos produtores.
Rubens Fridich também comentou sobre sua participação na Abertura Oficial da Colheita da Soja no Brasil, que ocorreu no Piauí:
“Evento produzido pela Aprosoja e Canal Rural, na Fazenda Progresso, de Gregory Sanders. Foi um evento muito bem organizado, de alto padrão. Boas conversas e oportunidade de reencontrar os amigos”.