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Espaço Agrícola

José Domingos: A guerra entre Rússia e Ucrânia e a dependência do Brasil com relação a fertilizantes dessa região

Engenheiro agrônomo relatou as consequências sentidas pelo agro tupanciretanense e gaúcho devido ao conflito no leste europeu. Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil

Publicada em 04/03/2022 às 11:05h

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José Domingos: A guerra entre Rússia e Ucrânia e a dependência do Brasil com relação a fertilizantes dessa região
 (Foto: JM Digital)

O engenheiro agrônomo José Domingos, presença marcante na grade do JM Digital apresentando o Programa Campo Web, apresentou um panorama dos impactos causados pela guerra entre Rússia e Ucrânia na produção agrícola brasileira.  

 

Para se ter ideia da relevância da situação, a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para as lavouras brasileiras, tendo recebido do setor agrícola brasileiro um quantitativo de US$ 2,2 bilhões em 2021. A título de comparação, o Canadá, segundo maior fornecedor de adubos para o Brasil, viu entrar em seu orçamento US$ 1,1 bilhão de capital brasileiro no ano passado. 

 

José Domingos explica que a questão é extremamente importante para o agro de Tupanciretã: 

  • “A diversidade do solo de Tupanciretã mostra que somos dependentes dos nutrientes para composição das 14 culturas que são exploradas no município. Apenas de soja, são 149.100 hectares de área cultivada. A média de consumo de adubo no município é em torno dos 300 kg. Sendo que a composição desse adubo é basicamente formada por fósforo, potássio e nitrogênio. Nossos solos são pobres de fósforo e potássio, mas mostram a virtude de serem solos bem drenados. Assim, podemos aproveitar melhor nossas adubações. Trabalhamos com adubação de sistema, no termo técnico, mas também trabalhamos, basicamente, com a compra de macronutrientes oriundos da Rússia”, ressaltando o papel dos produtos russos no setor agrícola da Capital Gaúcha da Soja. 

 

 

 

 

O engenheiro agrônomo revela que pouco menos da metade dos produtores já adquiriu seu estoque de fertilizantes, destacando também a questão de logística entre Rússia e Brasil: 

  • “Nesse momento o mercado de fertilizantes do estado e de Tupanciretã já está com 40% das compras efetivas para a safra de inverno e de verão. E o restante deverá, a partir de agora, estar participando atentamente do mercado. Entendendo a logística, o agricultor compra com antecedência, pois um navio vindo da Rússia demora cerca de 60 dias para chegar ao litoral gaúcho. A chegada de nutrientes é pelo porto de Rio Grande, através de fornecedores locais, cerealistas, cooperativas e revendas”. 

 

Além de influenciar nas ações dos produtores, os fornecedores locais também sentem as consequências causadas pela guerra na cadeia do agronegócio: 

  • “Nossos fornecedores não estão com muitos produtos em estoque, pois a volatilidade do mercado faz com que haja risco financeiro. Por exemplo, uma tonelada de ureia chegou a custar R$ 5500 em dezembro, voltou aos patamares de R$ 3500 no começo de fevereiro, e agora começa a subir novamente”. 

 

Sendo assim, o conflito bélico deve impactar mais de uma área do mundo agro, ainda que características do solo de Tupanciretã possam amenizar essas mudanças: 

  • “O impacto econômico dessa situação será sentido no custo de produção. A média geral dos investimentos deverá cair um pouco, mas Tupanciretã possui boa reserva técnica de nutrientes no solo. Muitos agricultores trabalharão o trigo apenas com nitrogênio, o fertilizante mais esperado nas propriedades”.

 

 










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