O Programa Campo Web do último sábado (24) conversou com o engenheiro agrônomo Eduardo Munhoz. Sediado em Pelotas, o fundador da Porteira Adentro Consultoria falou sobre a técnica do plantio na várzea, que a empresa vem adotando especialmente na metade sul do RS, e também de experiências com consultorias no Uruguai. 

Ao início da conversa, Eduardo falou de suas origens na agricultura: 

• “Sou filho de produtor rural, criado no campo. Em 2004 fui trabalhar em um grande grupo, onde atuei seis anos como gerente de produção. Iniciamos com arroz, depois adicionamos a soja: no primeiro ano, foram 600 hectares. No último ano em que estive na empresa, já estávamos com 4000 hectares”.  

Após esse período, uma viagem ao exterior o inspirou a adotar uma nova técnica: a soja na várzea: 

• “Em 2007, começamos esse projeto de plantar soja na várzea, após viagem aos Estados Unidos. Então, no final de 2010, decidi fundar a Porteira Adentro, com sede em Pelotas. Ao longo desses doze anos, viemos trabalhando de uma forma bem resolvida, expandindo a equipe. Hoje, atuamos com cerca de 56 mil clientes”. 

O processo foi gradativo, com cada novo plantio servindo para aprimorar a técnica: 

• “As maiores dificuldades iniciais foram na questão de drenagem. Por conta da cultura do arroz, dimensionamos as propriedades para guardar água. E, no caso da soja na várzea, era necessário que, no caso de chuva, a água teria que ser retirada da lavoura em 24 horas. Tivemos de redimensionar os drenos. Posteriormente, com o solo mais raso, começamos a tratar da questão física do solo, que nos trouxe novos patamares de produtividade. Escarificamos áreas compactadas e plantamos com sulcadoras. Há uns três anos, estamos trabalhando com carretéis de irrigação, para termos alta estabilidade”, explicou. 

Então, o método de plantar em áreas de várzea se expandiu para outras culturas: 

• “Quanto ao milho na várzea, está no processo inicial. Estamos no processo de sulco camaleões, processo pelo qual a soja na várzea passou há dez anos atrás. Estamos em uma curva de aprendizado, por isso, a área de cultura ainda é pequena”.  

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A expansão da Porteira Adentro Consultoria não se deu apenas no âmbito das culturas, mas também na questão de atuação internacional: 

• “Clientes nossos que possuem propriedades no Uruguai pediram para receber atendimento no país vizinho. A partir disso, outros produtores nos constataram. As principais diferenças é que, além das diferenças culturais, você trabalha com cultivares diferentes. É um grande desafio, mas é importante para a empresa. Atuamos em 17 mil hectares no país vizinho”, destaca. 

O engenheiro agrônomo falou ainda sobre o cenário da cultura do arroz, que é destaque na região sul do estado, onde Munhoz está sediado: 

• “71% da produção de arroz do país vem do Rio Grande do Sul, especialmente da metade sul do estado. A cadeia do arroz vem encolhendo cerca de 5% ao ano, sendo que, no RS, a estimativa é de 860 mil da cultura plantados. Hoje, a soja supera o arroz na área plantada inclusive na região sul do Rio Grande do Sul. Nos últimos seis anos, 20% da área de arroz cedeu espaço para a soja”, destacando que a soja também vem substituindo hectares que eram dedicados à pecuária. 

Eduardo Munhoz também explicou que a interação das culturas soja/arroz proporciona maior produtividade devido ao manejo do solo: 

• “Da mesma forma como aconteceu com o milho no norte do RS, aqui na metade sul, quando a cultura da soja entrou na rotação, o arroz buscou novos patamares. Hoje, diversas propriedades alcançam os 12.000 kg, devido ao cuidado maior com o solo que a própria cultura da soja demanda. A entrada da soja trouxe diversos benefícios para a cultura do arroz”, afirma.