O Programa Campo Web do último sábado (16) conversou o imigrante venezuelano Gregory Duben, que relatou sua vivência no país vizinho. Atualmente morando no Pará, Gregory conta que grande parte da sua família não reside mais na Venezuela:
“Já estou há cinco anos fora da Venezuela. Fiquei um ano na Colômbia, depois vim para o Brasil. Aqui me sinto em casa. Os únicos familiares que ainda estão no país são minha avó e meu avô. O resto da família está espalhada entre Brasil, Chile, Argentina, Peru”.
Gregory contou como se deu a ascensão de Hugo Chávez, tenente-coronel que governou o país entre 1999 e 2013:
“Chavez, eleito em 1999, era um ex-militar que chegou como um presidente que iria salvar o povo. Era uma pessoa que, na frente do pessoal tinha uma cara, e por trás, outra. E se tornou um governante autoritário. Muita gente que era contra as suas políticas morreu, sumiu, foi preso ou saiu do país. “O Estado sabe o que você fala no WhatsApp ou no Facebook. Muita gente lá não sabe o que está acontecendo no mundo, e muita gente de fora não sabe o que acontece lá”, disse, destacando o viés ditatorial do governo venezuelano mesmo após a morte de Chávez.
A grave situação econômica venezuelana faz com os salários não sejam suficientes para a alimentação:
“O salário mínimo, equivalente a no máximo R$ 60, não vale para nada. Não se pode nem comprar 1 kg de arroz ou frango. Então, com a inflação, o pessoal passa fome. A fome dói. Eu vivi, eu senti isso. A nossa liberdade para conseguir comprar coisas com nosso salário não existia”, disse, citando também a escassez de alimentos e que 79% das crianças no país vizinho estão com desnutrição.
Morando no Brasil, o imigrante valoriza a liberdade de expressão:
“Quando eu estava me formando, e eu vários estudantes fizemos um movimento político, com o tema de sair para a rua pedindo liberdade de expressão, liberdade de comida. Para mim, liberdade é ter direito de ter um salário e poder ir no supermercado fazer a compra do mês. É também poder ter o direito de assistir o que a gente quiser. Nas escolas venezuelanas, a gente tinha de ser doutrinado. Só escutávamos o presidente falando”, citando que também não há liberdade financeira na Venezuela.
E vislumbra um futuro promissor para sua família em terras brasileiras:
“No Brasil, me sinto em casa. O clima do Pará é bastante parecido com a ilha onde eu morava na Venezuela. O Brasil que eu quero ver é o de agora, que está dando certo, com liberdade financeira. Quero que o hospital tenha seus materiais de saúde para trabalhar, que os policiais estejam na rua, protegendo o povo”.
TODOS CONTRA A DENGUE