O Programa Campo Web, que agora vai ao ar aos domingos, conversou com o engenheiro agrônomo Ruben Kudiess em 23 de outubro. Com uma propriedade rural na região de Chiapetta (RS), Ruben relatou experiências com o sistema integrado e também comentou sobre o manejo do trigo, com foco no trigo de duplo propósito.
Ao início da conversa, falou brevemente sobre sua história no agro:
- “Sou formado na Unijuí e minha família está no agro desde 1965, quando comprou propriedade na região de Chiapetta, Rio Grande do Sul. Esse fato ocorreu poucos meses antes da nevasca que atingiu o RS naquele ano. Agora, a família se espalhou pelo país, mas eu e meu irmão seguimos aqui na mesma propriedade”.
Em seguida, relatou como se deu sua aproximação com a cultura do trigo e o que o levou a considerar sistemas de integração:
- “Na década de 1960, o trigo era cultura principal. E, a partir da década de 1970, entrou a soja. Em 1980, o trigo passou a perder efeito de resultado econômico. Nesse cenário, precisávamos achar uma cultura de inverno que dê valor agregado. A EMBRAPA voltou com trigo de duplo propósito, que permite vários dias de pastejo. Apostamos nessa ideia para voltar a valorizar o trigo e começamos a ver dados de pesquisa para integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta. Essa última integração tem mostrado bons resultados no sequestro de carbono”.
O engenheiro agrônomo então detalhou como trabalha com a integração lavoura-pecuária-floresta:
- “A integração lavoura-pecuária-floresta veio através de aproximação com a EMBRAPA. Começamos a receber pesquisas e trabalhos na área. É uma estratégia atípica para a nossa região, mas observando os animais sempre buscando a sombra e também a demanda de madeira e lenha, achamos razoável embarcar nesse sistema de integração. Temos 5% da área nesse sistema: milho, capim e renques triplos de eucaliptos”.
E também falou um pouco sobre o sistema lavoura-pecuária:
- “No sistema integrado lavoura-pecuária, temos as cultivares líderes, que são a soja e o milho, enquanto as culturas de inverno que são mais marginalizadas em termos de resultado econômico. Sabemos que há sistemas de soja e gramíneas com bons resultados, mas com pecuária um pouco restrita. Como a soja tem o ciclo cada vez mais curto, isso gera oportunidade de alta fertilidade no solo disponível para a produção de forragem o ano inteiro”.
Ruben também destacou a evolução dos cultivares do trigo ao longo do tempo:
- “O trigo de duplo propósito já existia no Brasil na década de 1960, mas com cultivares pouco adaptadas, de ciclo tardio completo. Hoje, há espécies de ciclo tardio precoce. Ou seja, são tardias na fase vegetativa, mas aceleram o ciclo na frase reprodutiva, aquela que inicia a elongação. Para o produtor de leite e de corte, uma das grandes vantagens do trigo de duplo propósito é o alto teor de proteína, que é adquirido pelo alto teor de nitrogênio no solo. As leguminosas forrageiras também suprem o sistema de nitrogênio”, explicou.
TODOS CONTRA A DENGUE