Formado em direito e ex-presidente do Sindicato Rural de Tupanciretã, Fernando destacou estratégias para evitar a queda da produtividade do rebanho e também de enfrentamento da escassez hídrica.
De início, o produtor comparou a estiagem atual com a do verão passado:
- “Em nossa região, achávamos que a estiagem de 2021/2022 seria a mais intensa, mas a atual está se revelando mais forte que a do ano passado. Em 2022, ainda tínhamos patamares de preço de gado que nos possibilitava termos uma margem, pois algumas regiões não tiveram uma seca tão forte”.
Entre o verão 2021/2022 e o atual, houve um período de bons resultados, o que possibilitou um planejamento:
- “Tivemos um ano privilegiado no inverno, nas forrageiras e nas culturas da época. Isso fez com que os animais ganhassem peso e os produtores pudessem se preparar para o verão de agora. Mas, mesmo assim, há dificuldades”.
Entre as estratégias para diminuir os danos da estiagem, está a alteração na época de reprodução do rebanho de bovinos:
- “O produtor de nossa região mudou um pouco o período de reprodução dos bovinos. Sabendo que, ao longo dos anos, existia uma dificuldade de alimentação no verão, os períodos de reprodução foram manejados para iniciar e terminar no inverno, ou no máximo, até outubro. Assim, não houve um decréscimo nos níveis de reprodução”, disse citando o uso de tecnologias como o ultrassom.
A criação de ovelhas também foi pauta da entrevista:
- “Tradicionalmente, os ovinos gostam de períodos de seca. A Farsul e o Sebrae, e outras entidades, investiram em melhorias para esse tipo de rebanho. Há dois anos atrás, havia cordeiros vivos sendo comercializados por até R$ 15/kg. Em 2022, com a diminuição da procura por esta carne, houve queda na remuneração: o quilo do cordeiro está na casa de R$ 7. E isso é estranho, pois no supermercado, o preço do quilo da carne de ovelha não baixa de R$ 25. É um paradoxo”, disse, destacando como o preço da lã também baixou.
Fernando ainda destacou a importância da relação entre animal e ambiente:
- “O produtor está fazendo com que haja uma interação maior entre a natureza e o animal, o que melhora os índices sanitários e de produtividade. Mas, em função das adversidades climáticas, os números não devem ser satisfatórios”.
E comentou sobre como o enfrentamento da crise hídrica é desafiador:
- “Só percebemos o valor da água quando a fonte seca. Estamos passando por um período desafiador, novamente. O calor é algo que faz com que as águas e a forragem diminuam. As alternativas que temos para o enfrentamento da seca estão se esgotando, por mais que se tenha feito planejamento”.
TODOS CONTRA A DENGUE