O clima na segunda metade de
julho, chuvoso e com baixas temperaturas, não favoreceu as culturas de inverno,
em especial a do trigo. De acordo com o Informativo Conjuntural da
Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (02/08), com as culturas
suscetíveis à incidência de doenças, se torna necessário o uso de tratamentos
fúngicos preventivos de maneira mais constante. Na região Central e nos Campos
de Cima da Serra, as chuvas impediram a semeadura do trigo, dificultando os
tratos culturais, como adubação de cobertura e controle de ervas daninhas, nas
lavouras em desenvolvimento vegetativo. Nas lavouras mais adiantadas, há casos
de plantas com crescimento rápido, mais altas (estioladas) e com baixo índice
de perfilhamento, o que é prejudicial para uma boa produtividade. Estima-se que
3% da área plantada com trigo se encontra em floração, fase extremamente
suscetível ao excesso de umidade e a chuvas constantes.
A cultura da canola apresenta condições irregulares de evolução, estando, nesse
período, com 34% na fase de desenvolvimento vegetativo, 60% em floração e 6% em
enchimento de grãos. Nas regiões Celeiro e Alto Jacuí, as lavouras se encontram
com excelente desenvolvimento e qualidade superior à safra do ano passado,
apresentando elevado número de síliquas por planta. No Planalto Médio e região
Nordeste, a falta de sol, alta umidade do ar e as temperaturas medianas estão
causando atraso no desenvolvimento da cultura, o que poderá também reduzir o
potencial produtivo da canola.
A cultura da aveia branca se desenvolve de forma rápida para o estádio
reprodutivo, apresentando panículas longas e com bom número de espiguetas por
panícula. Aumenta a incidência de doenças foliares nas folhas baixeiras. Há
dificuldade de proceder as aplicações de fungicidas em muitas áreas, em
decorrência da baixa luminosidade associada ao largo tempo de molhamento foliar
das plantas, trazendo preocupações aos produtores quanto ao ataque de ferrugem
nas lavouras.
Na região do Médio Alto Uruguai, os agricultores iniciam o preparo do solo e o
manejo para implantação do feijão 1a safra nas regiões com menor probabilidade
de ocorrência de geadas. O cenário da cultura não está muito animador no
quesito preços, mas o alto custo para implantação da cultura do milho e a
possibilidade da implantação da soja como cultura subsequente estão tornando
atrativa a cultura do feijoeiro nesta região e nessa safra.
HORTIGRANJEIROS
Na região Metropolitana, a segunda semana consecutiva de alta umidade e
frequentes períodos de chuva tem incidido de forma negativa sobre algumas
hortaliças, desestabilizando o mercado. A horticultura sofre oscilações de
preço, pois as culturas são afetadas diretamente de acordo com a intensidade de
temperatura, umidade e outros fatores climáticos. Na semana que passou, muitas
culturas tiveram alteração no valor médio de comercialização.
Na região Sul do RS, a produção de hortaliças comerciais é direcionada para as
feiras livres, pequenos mercados locais e programas de comercialização
institucionais, como os programas Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e de
Aquisição de Alimentos (PAA). Nesse último período, as chuvas em
excesso prejudicaram todo o manejo (controle de plantas daninhas,
fitossanitário, colheita) das culturas implantadas, como ervilha, brócolis e
couves, entre outras hortaliças de inverno.
BOVINOCULTURA DE LEITE - Nas regiões de Pelotas, Porto Alegre e Santa Maria, a
semana foi muito ruim para o desenvolvimento das pastagens, com muita chuva e
elevada nebulosidade, prejudicando o manejo dos animais durante o pastejo e o
acesso dos animais às instalações, em razão do barro nas áreas próximas. Além
da redução na produção, o custo de produção do leite aumenta pelo maior uso de
silagem e de rações concentradas. Predominando esse clima, poderá haver falta
de alimento até a primavera para os produtores que não fizeram uma boa reserva
de silagem.
Um pouco diferente são as condições da produção leiteira nas regiões de
Frederico Westphalen, Erechim e Passo Fundo, onde a boa ocorrência das chuvas
nos últimos meses favoreceu as pastagens implantadas, que melhoraram o aspecto
de desenvolvimento, aumentando assim o número de áreas em condição de pastejo.
Produtores com bom planejamento apresentam resultados muito satisfatórios em
relação à produção de leite devido à grande oferta das pastagens anuais de
inverno, que tem alto grau de digestibilidade e qualidade nutricional.
Na região de Soledade, o destaque fica com os investimentos em pastagens
visando o sistema de produção de leite à base de pasto, que tem sido a forma
mais técnica e economicamente viável para a bovinocultura de leite na
agricultura familiar. De qualquer forma, as áreas de pastagem bem manejadas do
ponto de vista de adubação e manejo animal (com pressão de pastejo adequadas) e
sob sistema de pastejo rotativo têm proporcionado oferta satisfatória de
forragem.
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