Há 21 anos, Tupanciretã presenciou um fato semelhante ao ocorrido em Brasília. A ocupação na Capital Federal não carrega a mesma causa, mas contém ações extremistas e violentas. No dia 23 de janeiro de 2002, o prédio do Centro Administrativo foi ocupado por integrantes de grupos que reivindicavam, entre outras pautas, a manutenção de convênio com a Emater, citava o jornal A Voz do Jari, extinto desde a morte de sua idealizadora, Eloá Silveira de Sousa, no dia 17 de dezembro de 2017.
Na matéria veiculada na edição 251, dias 25 e 26 de janeiro de 2002, é possível visualizar pessoas ocupando a Praça Coronel Lima, e, também, na sacada do prédio. No terceiro andar, duas bandeiras foram exibidas: Movimento Sem Terra e Movimento de Atingidos pelas Barragens. Já o caderno do Sindicato Rural, outros flagrantes mostraram a porta de vidro da recepção da sede do governo municipal estilhaçada e pessoas no passeio em frente ao prédio. O grupo ficou por dois dias ocupando o local, sendo necessário uma liminar para a desocupação.
A Voz do Jari - Arquivo, janeiro de 2002
Na ocasião, o vice-prefeito Odilom Burtet exercia o cargo, em virtude das férias do então prefeito Miguel Chiapetta Cardoso. Burtet despachava do Gabinete Municipal quando tudo aconteceu. As Secretarias foram esvaziadas enquanto os manifestantes adentravam. Os funcionárias procuravam escapar do motim. O prefeito em exercício permaneceu por duas ou três horas sem poder sair do setor.
O jornal publicou nota da instituição estadual. A Emater explicava não ter influenciado no fato, mas buscou orientar integrantes do movimento dos prejuízos que poderiam ocorrer com cerca de 600 famílias de 14 assentamentos, caso o convênio com o Município fosse desfeito. Alguns integrantes, além de foices e enxadas, empunhavam bandeiras ligadas aos grupos participantes, revelou o conteúdo.
Reprodução: A Voz do Jari
Outro importante relato foi a presença de mulheres e crianças compondo o grupo de quase 300 pessoas. A manifestação do Sindicato Rural Tupanciretã, Jari e Quevedos, na ocasião, revelou duras críticas à conduta, classificando o desfecho como ato criminoso. No mesmo editorial, Odilom Burtet deixava claro a intenção de criar um departamento para estender ajuda a todos e não somente aos assentados.
No dia 08 de janeiro de 2023, os prédios dos Três Poderes, em Brasília-DF, foram invadidos por integrantes de grupos, que, segundo o Supremo Tribunal Federal, podem estar incorrendo em crimes contra a democracia. Do ato resultou, aproximadamente, 1,5 mil pessoas presas e ou detidas. No interior dos prédios destruição e vandalismo tão qual a Prefeitura de Tupanciretã sofreu outrora. Com algumas diferenças, porém de resultado similar, a depredação da coisa pública.
TUPANCIRETÃ CONTRA A DENGUE