Deste recente e mais importante ato jurídico e também político da história do Brasil, julgamento do ex-presidente Lula, há muito que aprendermos, uma das formas para isto é não deixar passar despercebido, o que pensam e dizem os mais envolvidos no processo de modo geral, sejam por razões técnicas, partidárias ou de lideranças, as verbalizações nós dão a profundidade do antes, durante e depois, são afirmações delineadoras de posturas e caráter, são conceitos e regras postas a prova, é claro, a sociedade colhe os efeitos e consequências de tudo o que é afirmado, certificado e contestado.
Sei que para muitas pessoas a lava jato e seus desdobramentos, pouco ou nada importou. Eu, estou entre os que acompanham, escutam, leem e assistem tudo que posso sobre este momento decrescente, negativo e incerto, não menos depurativo e elucidativo. Assim, referencio neste espaço com propriedade, algumas citações deste cenário que têm muito a ser discutido, conforme avisa Guilherme Boulos: "Se tentarem prender Lula nós vamos para o pau, o tempo de obediência acabou." O caldo engrossou ainda mais com o deputado Waldih Daumos que chamou a força tarefa da lava jato de "playboyzada fascista."
Fala muito coerente com a do Senador Lindbergh Farias, que conclamou "Desobediência Civil." Bem como o senhor Raimundo Bomfim da Central dos Movimentos Populares que conclamou a militância "para a luta." Ainda mais incisiva a Presidente do PT Greisi Hoffam, foi autora desta fábula "Vai ter que matar gente" um pouco menos brava depois do resultado do TRF4, relata, que os votos foram combinados e confirmou uma farsa e se pensam que a história termina aqui, estão enganados, não vamos nos render a injustiças.
Porém, tarimbeiro, matreiro, líder, carismático. Lula age como bom pastor, sabe bem que nesta hora o rebanho tem que estar unido e que qualquer apoio é bem-vindo, Com o dom da oratória, fulmina: "Não quero que pensem que este é um ato de campanha política, é muito mais que isto, é um ato de Soberania Nacional, Não estou aqui preocupado comigo, estou preocupado, porque que quem foi condenado foi o povo Brasileiro, já nem queria mais fazer política, mas esta provocação é de tal envergadura, que me deu uma coceirinha, agora quero ser Candidato a Presidência do Brasil. Seu advogado Cristiano Zanin, além de tentar liberar o passaporte de seu cliente, é irredutível e convicto, que Lula foi condenado sem provas.
No contraponto aos insatisfeitos, acostumados ao oficio de julgar "fatos" ambos serenos, tranquilos e imparciais, os capas pretas do Sul, deram uma aula, bem como o Estado do Rio Grande na questão de segurança e organização, há que ressaltar a receptividade e liberdade de expressão aos prós e contras. Que valeu a observação do promotor Mauricio Gerum: "O processo judicial não é um processo parlamentar, a técnica que caracteriza a decisão judicial é incompatível com a pressão popular." Já o Desembargador Victor Luiz Laus considerou: "Em bom português, se alguém faz algo de errado, e se este algo errado é crime, essa pessoa responde e pronto."
Leandro Paulsen, quase soletrou, "Não é mais possível admitir que o dinheiro público viaje na bagagem da impunidade." Fechando a sincronicidade da corte João Pedro Gebran Neto, lembrou o autor Russo de "Crime e Castigo" fundamentando que o tratamento deve ser igual para todos, mesmo que sejam lideres populares, "homens de bronze" tal qual se refere à obra, "Mas que em uma republica todos os homens são de carne" dando um recado claro, que ninguém está acima da lei. No campo das concentrações e movimentos das ruas soaram dois hit's "Lula ladrão, Roubou meu Coração." ou "Lula Cachaceiro, devolve meu dinheiro."
Diante deste compêndio de frases expostas e alardeadas pela imprensa local e do mundo, ainda prefiro a de Ulisses Guimarães na Promulgação da Constituinte em 1988, ainda pendente "Muda Brasil." Abraços