A crise energética da Venezuela deve provocar um gasto adicional de, aproximadamente, R$ 50 milhões por mês na conta de luz dos brasileiros, segundo estimativas feitas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) no fim do ano passado. Desde o último dia 7, o país vizinho, que vive o pior apagão de sua história, deixou de enviar energia elétrica a Roraima.
O Estado é o único no Brasil que não é interligado ao sistema elétrico nacional por meio de linhas de transmissão — depende em grande parte de importações da Venezuela. Sem essa energia, Roraima tem sido abastecida apenas por usinas térmicas, cuja operação é custeada pela tarifa de energia da população.
A distribuidora do estado Roraima Energia não informou se há previsão para que as importações sejam retomadas. A empresa, ex-subsidiária da Eletrobras, é controlada pelo grupo Oliveira e pela Atem desde o início deste ano.
Caso o cenário com a Venezuela persista, o gasto com usinas térmicas pago pelos consumidores poderá ultrapassar o R$ 1 bilhão neste ano -mais que o dobro do valor projetado pela CCEE para o orçamento nacional deste ano.
Controladoras privadas de energia elétrica serão beneficiárias
O principal beneficiário dessa despesa é o próprio grupo Oliveira, que além de controlar a distribuidora Roraima Energia, é o principal fornecedor de eletricidade do estado, com mais de 80% da potência contratada em usinas térmicas.
Ao todo, são quatro as usinas que abastecem o estado: Floresta, Novo Paraíso, Distrito e Monte Cristo. Além do grupo Oliveira, a empresa Soenergy controla parte das usinas.
Governo Bolsonaro quer acelerar Linhão de Tucuruí
Roraima já sofre com apagões há tempos, devido a falhas no fornecimento de energia do país vizinho. No ano passado, órgãos do setor elétrico já haviam elevado as despesas com usinas térmicas na região para garantir o abastecimento.
Como uma tentativa de responder à crise no estado, o governo Bolsonaro decidiu declarar o linhão de Tucuruí um empreendimento de infraestrutura de interesse da política de defesa nacional, como uma forma de acelerar o projeto, que deveria ter sido concluído em 2015. O empreendimento visa criar uma linha de transmissão para ligar Roraima ao sistema interligado de abastecimento de energia elétrica.
A solução, porém, ainda deverá enfrentar obstáculos. Dentre eles está, principalmente, a resistência dos índios Waimiri Atroari, cujas terras são cortadas por cerca de 120 dos 715 quilômetros projetados da linha de transmissão.
GaúchaZH