O engenheiro agrônomo e ex-vereador Almir Rebelo foi entrevistado pelo JM Digital no programa Redação em Resumo desta sexta (30). Bastante atuante tanto no agronegócio tupanciretanense como no poder legislativo enquanto vereador, Almir usou de sua experiência para comentar sobre a situação política atual do município e falar das expectativas para seu futuro, seja como representante da sociedade em cargos públicos, seja na área do agro.
- “Sempre tive essa atuação marcante, não só no município como no estado e no país. Participando de encontros com pessoas altamente preparadas, entendi a necessidade de aprimorar a comunicação com a comunidade de Tupã. Nossa cidade tem uma característica bem marcante que é a alta produção de grãos, mas há um problema na relação entre o agro e o setor público, o que causa consequências na sociedade: temos um meio rural com as melhores tecnologias do mundo, e um meio urbano que deixa a desejar. E isso não acontece por falta de recursos ou condições, mas por falta de experiência e planejamento para acompanhar o que hoje acontece no país. Outros municípios de outros estados que apostaram no agro se transformaram em metrópoles, e eu sempre me questionei nesse sentido: se somos o maior produtor de soja do estado, por que não somos uma metrópole regional?”
A partir dessa perspectiva, Almir entendeu a necessidade de diálogo, para estreitar as relações entre os produtores rurais e a classe política. O parlamentar entende que esse processo ainda está em desenvolvimento, e que sua atuação ainda não foi bem compreendida:
- “Entendia que tinha uma contribuição enorme para dar, mas que por vezes teria de discordar da oposição, e em outras discordaria da própria situação. Isso se deu devido ao fato das atividades políticas da situação não me satisfazerem. Descobri que a própria situação não estava preparada para conviver comigo. Eu estava cheio de ideias, querendo ajudar, e não conseguia. Isso foi decepcionante. A partir dessa dificuldade, comecei a construir caminhos, mas isso não acontece num estalar de dedos. Quando chegou a hora de dar o próximo passo para o futuro, a base política, principalmente os produtores, não entenderam dessa forma. Hoje, estou torcendo para que as pessoas deem esse passo seguinte, algo que acho difícil de acontecer, pois não vejo as pessoas agindo na velocidade que o desenvolvimento da cidade necessita. Enquanto isso, entendo que Tupanciretã me foi muito grata quanto ao reconhecimento da minha atuação. Agradeço muito pelas portas abertas, para que eu pudesse defender as causas para as quais me preparei durante minha vida profissional. Pretendo continuar fazendo o que precisa ser feito, se não aqui, em algum outro lugar.”
Almir também comentou sobre a atuação do clube dos Amigos da Terra:
- “O clube se transformou em uma referência mundial na defesa do desenvolvimento do agro, e hoje não temos o apoio do associado ao clube em Tupanciretã. Parece que já fizemos o que tinha de ser feito e não temos mais o que fazer. Um erro assustador, pois hoje estamos tendo contato com variados segmentos e, mais do que nunca, nosso clube está com moral e conhecimento para continuar contribuindo com o desenvolvimento a nível municipal, estadual e federal. Estamos observando os acontecimentos e entendendo as áreas nas quais ainda podemos ajudar. E vamos fazer isso.”
O engenheiro agrônomo também refletiu sobre sua influência na história do cultivo da soja na Terra da Mãe de Deus, e comentou a situação atual da safra da oleaginosa em Tupã:
- “A planta precisa de um solo em condição adequada e também de uma genética com potencial de produtividade. Isso é ciência. E nós entendíamos que, em meados dos anos 2000, tínhamos um solo liquidado pela erosão. E nós conseguimos reverter essa situação indo atrás de tecnologias, pois sabíamos que poderíamos aumentar a produtividade se tivéssemos genéticas melhores nas plantas. Através do conhecimento, da ciência, buscamos melhorar a capacidade das plantas produzirem mais para atender as demandas. Fizemos isso e vimos a evolução acontecer. Seguimos com a máxima do nosso amigo Dirceu Gassen: “A produtividade de uma lavoura é o conhecimento aplicado por hectare.”, e esse conhecimento vem do estudo dos fatores de produção. Estamos acompanhando a produtividade atual. A soja é uma planta muito adaptada ao país, mesmo com a falta de chuva, ela consegue se recuperar. Neste ano, por exemplo, talvez tenhamos a maior safra da história. Mas virão outras maiores, com certeza. Também é necessário se considerar as questões monetárias, o componente cambial que, além da demanda, também influencia no preço da soja, que está bastante interessante. Parabenizo a todos os produtores.”, disse Almir destacando que outras frentes, como os bancos, os fornecedores de adubo, acabam também recebendo ganhos relativos à safra, onerando os produtores.
O ex-vereador também comentou da aproximação dos produtores rurais com o poder público:
- “Acho uma grande oportunidade, uma vez que está consolidado o desenvolvimento do meio rural, embora seja necessária uma atenção especial para os pequenos produtores. O prefeito e o vice-prefeito conhecem a realidade rural do nosso município. Penso que o desenvolvimento de Tupã deva ser feito mais no ambiente urbano do que no meio rural, embora já esteja havendo uma atenção da atual gestão com as estradas do interior do município e com o setor industrial, que influenciarão no meio urbano. Ou Tupã dá o passo seguinte no seu desenvolvimento urbano ou, no caso de não fazer a estrada Tupã-Santa Tecla, corre o risco de ficar para trás em termos de estrutura urbana e nas relações com o restante do estado. Temos, em Tupanciretã, uma posição estratégica muito interessante; mas precisamos que o asfalto não apenas chegue em nossa cidade, mas nos ligue com o restante do estado”, disse Almir, que sempre foi bastante atuante na questão de angariar fundos para as obras na estrada Tupã-Santa Tecla.