Na tarde desta terça (18), comemorando o Dia Nacional de
Combate à Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, O CREAS (Centro
de Referência Especializado de Assistência Social) Municipal realizou ato
simbólico instalando réplicas de flores amarelas na rótula da Av. Vaz Ferreira
com a Av. Cel. Luís Azevedo.
Para reforçar esta data importante, o JM Notícias apresentou
entrevista exclusiva com Carla Chelotti, psicóloga e coordenadora do CREAS
Municipal, e Franciele Machado, assistente social do mesmo órgão, que
explicaram a importância do dia 18 de maio para as causas em defesa das
crianças e dos adolescentes:
- “A escolha desse dia 18 de maio não é por acaso. Nesse dia,
no passado, aconteceu um caso de abuso contra uma criança no estado do Espírito
Santo, o que causou grande mobilização e acabou motivando essa data. Desde
então, temos evoluído nessa causa, buscando motivar as pessoas para fazer
denúncias.”, disse Franciele.
As especialistas também destacaram a necessidade da
comunidade tupanciretanense em ter conhecimento de que casos de abuso contra
jovens também fazem parte da realidade do município:
- “As estatísticas sobre essa pauta assustam parte da população,
mas são dados que fazem parte da nossa realidade, infelizmente. Muitas pessoas
acham que essas questões acontecem apenas em cidades distantes, mas isso é um
engano. Existem ocorrências desse tipo também em Tupanciretã.”, afirmaram.
ESTATÍSTICAS SOBRE ABUSO INFANTO-JUVENIL ASSUSTAM
Dados estatísticos em relação à freqüência desse tipo de crime
também foram apresentados à comunidade, ressaltando a seriedade do assunto:
- “Registros feitos de 2015 a 2020 mostram mais de 15 mil
registros de abuso no RS. Desses, 76% se referiam ao abuso contra crianças e
adolescentes. Além disso, 82% das vítimas de abuso infanto-juvenil eram
meninas, e 51% dessas eram menores de cinco anos de idade. O problema é que a
denúncia chega quando o jovem já é adolescente, pois a criança não entendia o
que estava acontecendo.”, afirmou Carla.
A coordenadora da Creas ressaltou ainda que, muitas vezes, o
abuso pode acontecer dentro da própria residência da criança:
- “Dados mostram que 71% dos casos de violência acontecem
dentro de casa. A violência está dentro da nossa realidade e, muitas vezes, a pessoa
que está no papel de protetor e cuidador da criança é o próprio abusador.”,
informou.
DENÚNCIAS SÃO INCENTIVADAS
Fazendo um apelo à comunidade, Carla Chelotti pediu que as
pessoas denunciem qualquer suspeita relativa ao abuso de criança ou adolescente,
para que então possam ser tomadas providências adequadas:
- “O que observamos é que as pessoas deixam de denunciar por
não ter certeza. Mas avisamos que, mesmo que haja suspeita, é importante que a
denúncia seja feita. O órgão responsável tomará as atitudes junto ao núcleo
familiar.”, disse.
O telefone para realização de denúncias é o seguinte: 9 8437-0445
A assistente Franciele também destacou a necessidade de
apresentar o maior número de dados possíveis na hora da denúncia:
- “Muitas vezes, a pessoa que quer fazer a denúncia não quer
se identificar. Nós entendemos essa situação, mas a denúncia em si tem de ser
feita com dados, pois os técnicos precisam saber onde a pessoa suspeita mora,
onde procurar por indícios e provas. É importante que a pessoa que suspeite de
algo entre em contato com os órgãos públicos munida da maior quantidade de
informações possível, para que possamos fazer um planejamento antes de realizar
o atendimento.”, afirmou.
ABUSOS DURANTE A PANDEMIA
A condição da pandemia, onde as pessoas acabam passando um
tempo maior dentro de casa, também foi levada em consideração quando da análise
dos casos de abuso infantil e juvenil nos últimos anos:
- “Nos dois últimos anos, houve queda nos registros de
denúncia. Situação que acontece devido à pandemia, pois as crianças estão
afastadas presencialmente da rede escolar. A escola é um local seguro, onde os
jovens relatam situações de violência e até mesmo abuso. Por isso a importância
de falar sobre esse tema nesse momento onde as crianças estão passando mais
tempo em casa.”, destacou a psicóloga Carla.
SITUAÇÕES QUE PODEM INDICAR ABUSO
As profissionais também descreveram situações que podem ser
indicativos de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo abuso:
- “Quando crianças e adolescentes estão passando por situação
de abuso, existem indicativos que podem ser observados: crianças que ficam
agressivas ou irritadas com muita freqüência, machucados que começam a ser escondidos,
casos de automutilação, crianças muito tristes ou quietas, sono agitado ou
dificuldade para dormir, dificuldade de concentração. Todas essas condições
podem indicar casos de abuso, mas é necessária a análise caso a caso.”,
informaram as especialistas.