Ainda que em caráter extraoficial, a possibilidade de municipalização da Escola Joaquim Nabuco, a escola mais antiga da cidade de Tupanciretã, revelada pela vereadora Jocelene Aquino na última sessão legislativa (que pode ser conferida no arquivo de vídeos do JM Digital), motivou manifestações dos profissionais que trabalham na escola. Além deles, também o CPERS se juntou à mobilização que busca a manutenção da Escola Joaquim Nabuco nos moldes atuais.
Profissionais de educação - Escola Joaquim Nabuco.
Na tarde desta terça-feira (1º), o JM Digital entrevistou três profissionais engajados nas tratativas para impedir a municipalização da Escola Joaquim Nabuco: o diretor da escola, Jose Rogerio Machado Salles; a professora e vereadora Jocelene Aquino; a diretora geral do CPERS Núcleo Cruz Alta, Mari Andreia Oliveira de Andrade.
O diretor, Jose Salles, ressaltou a qualidade de ensino oferecido pelo colégio, e também o impacto negativo que a municipalização causará tanto nos alunos como nos trabalhadores do educandário:
- “Atualmente temos 400 alunos na escola. Caso a municipalização se confirme, acontecerá o seguinte: perda de contratos, perda de carga horária, mais a incerteza dos alunos em relação à escola para onde serão realocados. São nossas maiores preocupações. Nossa escola, em termos administrativos e pedagógicos, é sempre procurada, pela qualidade de ensino que temos aqui”, disse.
O diretor também deu detalhes de como a notícia da possibilidade de municipalização chegou ao seu conhecimento, e de quais serão as próximas medidas que serão tomadas:
- “Ontem, em conversa com a coordenadora Maria Odete Bueno, de Cruz Alta, fui informado sobre a possibilidade (de municipalização), ainda que informal. Ela recebeu um ofício que solicitava a realização de medidas em nossa escola. Perguntei qual era o motivo, e me foi respondido que são dívidas que o estado tem com o município, e que essas medições estariam sendo realizadas também em outros órgãos públicos estaduais. Hoje, em conversa com o CPERGS, representantes da Câmara de Vereadores e direção da escola, começamos a tomar atitudes para esclarecer a situação. Uma das próximas medidas que tomaremos será a elaboração de um Pedido de Informação, através do Conselho da Escola, sobre essa dívida: que dívida é essa, quais os valores e desde quando ela existe”, informou.
A vereadora e professora Jocelene Aquino, enfatizou a importância da escola Joaquim Nabuco para o município, tanto na questão histórica, como na prestação de serviço nos tempos atuais. Também comentou sobre a política educacional da atual administração municipal:
- “É a história que será colocada na lata do lixo. Seremos conhecidos como? Como aqueles que fecham escolas, ou como aqueles que abrem oportunidades na área de educação? Temos que entender que educação não é gasto público, é investimento. Temos que capacitar nossos profissionais, cuidar nossas escolas e dar espaço para que nossos alunos possam aprender mais e melhor. A Escola Joaquim Nabuco é um patrimônio histórico da nossa cidade. Precisamos preservá-la", disse.
Comentando sobre profissionais atuantes na antiga escola Tupanciretã, que foram realocados para a escola Joaquim Nabuco, a vereadora e professora ressaltou o sentimento dos profissionais da escola, e as consequências da municipalização do educandário:
- “A palavra é medo. O medo de amanhecer sem a sua escola, sem ter o seu local de trabalho. O fechamento de uma escola interfere na vida de todas as pessoas. Na sessão (legislativa) de ontem, eu dizia que essa situação envolve a perda de contratos de professores e funcionários. São famílias que perderão seu emprego, dentro de uma pandemia. Nossos alunos, para onde irão?”, disse Jocelene enfatizando ainda o ensino difundido na escola Joaquim Nabuco, capaz de preparar os alunos para o ensino superior"
A diretora do CPERS em Cruz Alta, Mari Andrade, falou de conversa que teve com o prefeito Gustavo Terra a respeito do tema, e também comentou das tratativas que serão realizadas nos próximos dias:
- “Em conversa com o prefeito, ele disse que não há nada oficializado sobre a municipalização da escola Joaquim Nabuco. Mas existe a possibilidade de, no futuro, isso acontecer. A chance não foi descartada. Nesse sentido, como sabemos que há uma política de municipalização, de militarização, e até mesmo de fechamento das escolas da rede estadual, nós nos mobilizamos e estamos retornando a Tupanciretã para discutir novamente o tema. Estamos buscando muito apoio popular para que possamos salvar a escola Joaquim Nabuco de um desmonte que está sendo provocado pelo governo estadual”, disse.
Mari Andrade também destacou que as conversas sobre a municipalização ainda não ouviram a opinião dos representantes da própria escola:
- “Já encaminhamos ofício para a 9ª Coordenadoria (de Educação) solicitando esclarecimento desses fatos que até então não foram oficializados. A escola também fará sua parte para tentar receber algo oficial. Pois eles estão discutindo a municipalização de uma escola e não estão conversando nem mesmo com a direção dessa escola. É bastante grave e temerário que isso venha ocorrendo e sendo implementado pela 9ª Coordenadoria”
Mari Andrade também pediu o apoio da comunidade na defesa da manutenção da Escola Estadual de Ensino Médio Joaquim Nabuco:
- “Estamos aqui para fortalecer a luta. Continuaremos, sim, fazendo resistência para tentar impedir que mais uma escola estadual seja banida do estado do Rio Grande do Sul e do município de Tupanciretã. Chamamos, também, o apoio dos estudantes, dos pais, de diretores de outras escolas, enfim, de todos os moradores, para que nos ajudem na tarefa de salvar essa escola pública”, finalizou a diretora do CPERS Cruz Alta.
Procurado pela reportagem, o prefeito de Tupanciretã Gustavo Terra não escondeu o interesse pela escola, mas revela não ter formalizado nenhum pedido. Conforme o chefe do executivo municipal, a possibilidade ainda é uma especulação.
- "Não existe tratativas de municipalização da escola Joaquim Nabuco, por enquanto, mas se algum dia isso vier acontecer por parte do governo do Estado, eu, como prefeito, e caso ocorra ainda no meu mandato, eu jamais deixaria algum segmento dos envolvidos ser prejudicado, seja os professores, funcionários e alunos", afirmou Terra.