Em reportagem do JM Digital apresentada na tarde desta terça (15), onde os web-espectadores tiveram a oportunidade de se informar sobre a história do projeto de asfaltamento da estrada Tupã-Santa Tecla enquanto observavam imagens atuais da própria rodovia, o presidente do clube Amigos da Terra, líder da transgenia e ex-vereador de Tupanciretã, Almir Rebelo, detalhou procedimentos realizados os quais permitiram o surgimento do projeto de asfaltamento da estrada Tupã-Santa Tecla.
A estrada Tupanciretã-Santa Tecla, demanda antiga da comunidade de Tupanciretã, é um elo estratégico entre as regiões produtoras de grãos e o porto de Rio Grande. Assim sendo, trata-se de um trajeto de extrema importância econômica, tanto a nível estadual como federal. Almir Rebelo foi um dos principais agentes que possibilitaram o início do sonho de asfaltamento dessa estrada, e contou ao JM Digital, com exclusividade, pormenores que antecederam e viabilizaram a criação do projeto.
Nos últimos dias, a questão a respeito de quem seria o pioneiro em relação ao projeto - em outras palavras, de quem seria “o pai da criança” - veio à tona na comunidade tupanciretanense. Almir Rebelo, porém, prefere salientar que a obra é, na verdade, um retorno justo aos pagadores de imposto:
- “A questão de ser ‘pai da criança’ é algo que me causa tristeza. Pois isso é um tipo de política antiga, onde pessoas desrespeitosas com quem trabalha e paga imposto se adonam do dinheiro público para dizer que todas as obras públicas são deles. Não é assim. Sabemos do envolvimento do prefeito, e do vice-prefeito, que sempre participou da comissão e lutou por essa demanda. Mas também sei que não é do feitio deles se acharem os “pais da criança”, disse.
Almir Rebelo então revelou um acontecimento que o motivou a agir em prol do asfaltamento da estrada:
- “Ouvi, no Jornal do Almoço, o vice-governador do governo Britto afirmando que seriam construídas as estradas gaúchas que comprovassem sua viabilidade econômica. Então pensei em provar a viabilidade da nossa estrada Tupã-Santa Tecla. Fizemos estudos, ficamos 10 anos analisando o tráfego de veículos, produção de grãos, arrecadação do setor público. E vimos que a taxa de tráfego, em período de seca, ficava em 1.2 veículos por minuto; e em época de safra normal, 2.6 veículos por minuto. Além disso, mais de 50% dos veículos sempre eram caminhões, transportando a produção rural da região. Então, começamos a ver que tínhamos fundamentos para provar a viabilidade econômica da estrada. Comentaram que haviam iniciativas de projetos, mas que nunca iam adiante.”
Após esse trabalho de estudo da área, o projeto tomou forma, no governo de Yeda Crusius:
- “Tivemos que fazer um trabalho muito intenso. Ficamos agradecidos à governadora Yeda, quando ela conseguiu colocar a linha de construção de asfaltos para transportar produções em direção ao porto de Rio Grande junto de uma política de construção de acessos municipais. A RSC-392 é isso: uma estrada que liga Porto Xavier ao porto de Rio Grande, passando por Tupanciretã. Isso tudo nos desafiou. A governadora, formada em economia, sabia da importância do agro para o estado. Era uma pauta na qual teríamos que ter muita resiliência. Fomos daqui (Tupanciretã) até Santa Tecla, pegando a assinatura de todos os proprietários da margem direita da estrada. Na viagem de volta, pegamos a assinatura de todos os produtores da margem esquerda. Assim conseguimos fazer com que eles entendessem a importância dessa estrada e contribuíssem dentro do possível. Essa estrada agirá também no distrito industrial de Tupanciretã, pois atrairá empresas para cá”.
Apesar disso, nos governos seguintes, o projeto acabou não indo para frente, muito em função de dificuldades econômicas:
- “Ultimamente o estado do RS não tinha recursos para fazer as empresas dar sequência nas obras. Em consequência disso, as empresas chegaram no limite: ou fazem um novo projeto junto ao estado e voltam a construir, ou irão falir. As empresas estavam falindo argumentando que o estado é que manda parar as obras, porque não há recurso para financiar. As empresas se mobilizaram, e nos convidaram para que fizéssemos esse trabalho junto a partidos que hoje apoiam o governo do estado. Conseguimos”, disse o ex-vereador.
O líder da transgenia também pediu atenção em relação aos movimentos no caixa do governo do estado dos próximos anos, para garantir que a obra seja concluída:
- “O projeto é de fazer 6km esse ano, mais 10km ano que vem. Temos que ficar muito atentos para que já fique no orçamento do ano que vem os recursos para a continuidade dessa obra. Estou muito otimista”
Almir então comentou sobre detalhes do projeto, em relação a definição do trajeto que será asfaltado. Situação que impacta na distância de trajeto da carga de produtos agrícolas escoados pela RSC-392 até o porto de Rio Grande:
- "Essa estrada tem essa importância para Tupanciretã, mas também está ligando a fronteira (oeste) e a região de produção com o porto de Rio Grande. E isso traz desafios. Por exemplo, por essa estrada estão passando mais de 1 milhão de toneladas de produção agrícola por ano. Na região próxima a C.VALE haverá um trevo. Nossa estrada Tupã-Santa Tecla tem 45km, só que da região das empresas C.VALE até o trevo de Santa Tecla são 38km. Então, temos 7km pela margem sul de Tupanciretã, que formam um anel viário que sai desse trevo, passa por trás do hospital e vai sair na faixinha. Isso está no projeto. Mas já existe uma corrente para que se faça o anel viário pela margem sul da cidade e saia no porto seco da Agropan, o que encurtará a estrada em 20km. Tupanciretã precisa desse anel viário”, explicou.
Finalizando sua fala, Almir Rebelo destacou a atuação dos produtores rurais da região:
- “Sabemos o quantitativo arrecadado com a produção rural. Os produtores já pagaram essa estrada várias vezes, pela arrecadação oriunda do meio rural. Quem são os protagonistas que merecem essa estrada? Toda a sociedade, mas, especialmente, os produtores”.
E demonstrou a expectativa e empolgação pela realização do asfaltamento da RSC-392:
- "O momento é de alegria, pois vemos a perspectiva da realização de um sonho de 60 anos".