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A CAMPANHA “VIDAS NEGRAS”

Publicada em 07/03/18 às 10:15h

João Flores - Jogo Aberto


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Segundo dados estatísticos, no Brasil, a cada dez pessoas assassinadas sete são negras, com as idades entre 15 a 29 anos. Os números são estarrecedores. Enquanto há um declive de 12 % dos índices de violência de pessoas brancas, a população negra registra elevação de 18%.


E tem mais. A cada 23 minutos um jovem negro é morto, algo tão corriqueiro que pouco impacta ou choca a sociedade brasileira, muito mais preocupada com as atrocidades ocorridas aos jovens brancos do que com os negros, embora sua maioria seja formada pela comunidade negra.


E é justamente contra esta "indiferença" ou "cegueira moral" relativa à violência e ao racismo que compartilho com vocês algumas informações sobre a campanha "Vidas Negras" promovida pela ONU Brasil, com objetivo de fazer uma conscientização nacional pelo fim da violência contra a juventude afrodescendente.


A iniciativa do organismo internacional, ocorrendo também em outros 193 países, faz um apelo à sociedade brasileira e ao poder público por repostas ao racismo e à discriminação, abordando, entre outros, as múltiplas facetas do racismo como, por exemplo, obstáculos à cidadania plena (emprego, estudo, etc...) e tratamento desigual das pessoas negras em espaços públicos.


Na verdade, "Vidas Negras" quer sensibilizar e criar empatia, um novo olhar, diferenciado e mais realista da sociedade para com os povos negros. Atores como Taís Araújo e Érico Brás, entre outros, estão imbuídos de disseminar informações a fim de gerar debate e formar opinião pública sobre a questão.


São muitas as discussões relativas ao racismo, mas o certo é que, conforme a Constituição Federal, somos todos iguais e vivemos numa democracia, logo, temos as mesmas oportunidades. Será mesmo?


Não concordo nem discordo daqueles que afirmam que tapamos o sol com a peneira. Porém, faço a minha parte. Sou do time que busca, de fato e de direito, sem meias palavras, a valorização e o respeito, além de oportunidades que levem ao fim da violência à comunidade negra, em especial crianças e jovens.


Sou convicto disso, pois não haveria tantas pessoas, nem tantos países, através da ONU, organização mundialmente reconhecida por bons trabalhos, buscando um futuro vindouro e, pelo menos, com as mesmas condições à população afrodescendente mundial.


Se você acompanhou o texto até aqui, tem o direito de discordar, concordar, achar irrelevante, apoiar e, até achar exagerado.


Todavia, também pode refletir e buscar mais informações para fundamentar sua opinião. Comece por prestar mais atenção ao seu redor. Observe a proporção de pessoas negras no seu local de trabalho, nas repartições públicas, comércio e profissões autônomas. Nos bancos escolares, indiferente dos níveis, básico, médio ou superior (este nem se fala).


Compare também estatísticas sobre violências, prisões, assassinatos, prostituição, crianças à espera de adoção, fora da escola e nos aterros e lixões. Em muitos casos em completa subnutrição e sujeitas às injustas e inexplicáveis guerras civis (África) e às ruas brasileiras.


Avançamos muito, embora pouco tempo tenha passado desde a época cujos negros eram acorrentados, açoitados e escravizados. Eram meras mercadoria, a condição de subalternidade e de inferioridade da raça negra ainda age sorrateiramente aqui e acolá, mesmo sendo forte e alto o grito de muitos pelo fim do racismo.


Esta campanha "Vidas Negras" é mais um portal que se abre a sensibilidade humana brasileira e mundial. A mim já convenceu. Espero que também chegue até seu coração através de um olhar mais atento e acolhedor ao povo negro, de tão rica história cultural, tradições e trabalho.


Abraço










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