Antônio Silveira, próxima a Av.Vaz Ferreira e ao
lado, tinha a Casa
das Tintas e também muitas outras lojas... Principalmente pela manhã, entre 7h até 10 h e à tarde, por
volta
16 h, era um fervo só...
Quem precisava passar por ali, bom seria e bem mais sensato,
atravessar à rua, porque o movimento era muito grande.
Muitos vinham do interior do município para fazerem suas
compras,
venderem seus produtos, consultar, ou então, pagar suas
dívidas em
instituições Bancárias espalhadas pela cidade.
Nos homens, notava-se o suor debaixo de seus braços com uma
bem
acentuada marca ... barbudos, de bota e bombacha e o velho
lenço
maragato sempre, nunca esquecido…Mulheres com crianças,
idosos, todos num empurra-empurra até "embarcarem " ou " desembarcarem "na
rodoviária, com sacos de milho verde, mandioca ou
galinhas
....sacolas de brim listrados traziam ovos, vidros de chimia
de uva,
pêssego, figo, doce de laranja azeda e o mais puro
mel... tudo era
permitido trazer para vender, permutar, ganhar a vida.
O ônibus Barin, do Léo, do Vitório, Santiago, Planalto, Santa
Maria,
Cruz Alta, Porto Alegre A estação rodoviária ficava lotada ... e o povo, com muitas
compras,
cheirando a suor e a um gole de pinga merecidamente tomado
no bar da
rodoviária, que sempre ficava lotado e era muito
oportuno, pois
enquanto matavam a sede, esperavam o ônibus "estacionar", para
retornarem aos seus lares, ou iam direto ao gole de canha,
logo que
desembarcavam.
Os anos se passaram, a vida me deu caminhos diferentes dos
meus irmãos
e então, saí de Tupanciretã, perdi contatos, deixei de ver e
ouvir o
"Êta Maçã, Se tu não quer, outro quer..."
Hoje sei que deixei para trás as lembranças de uma pequena
rodoviária
e com ela, pessoas que fizeram parte de minha infância e
adolescência...
A Estação rodoviária mudou-se para próximo do hospital, mas
ficou na
lembrança o agito da antiga estação, o bar sempre lotado, o
velho
balcão e a família que ali vendiam as passagens...
O vai e vem dos ônibus, do Barim... do Vitório e do Léo....
O rostinho das crianças suadas e com o nariz escorrendo, o
pai também
suado, um misto de calor e outro transpirando pelo gole de
trago que
há pouco havia ingerido.... Mas sem tirar o velho lenço
maragato do
seu pescoço…e a mãe, com um pequenino ainda de colo, outro no
ventre e
um terceiro segurando a barra de seu vestido. Olhar triste,
cheia de
desconforto, mas mostrando para todos de que era mãe e que
dos filhos
cuidava ela. E de tudo e até das velhas sacolas de lona listradas
que
retornavam agora cheias de outros mantimentos típicos para o
sustento
de quem morava no interior.
Ficou na minha mente, a calçada lotada e o empurra - empurra
de um
povo que eu sei que no fundo, eram felizes... sem luxo e sem
preconceitos...
Ficou na lembrança, o vendedor de maçãs …sua persistência e
honestidade, seu jeito de oferecer maçãs e o seu
conformismo com o
velho jargão:" - Se tu não quer, outro quer..."
A lembrança de quem lutava para vender, em meio à crise, ao
desemprego, às adversidades da vida...Um valente homem, um
empreendedor de uma época em que eu mal sabia o que significa
tudo
isso, muito menos administrar...
E o completo jargão por mim jamais esquecido:
"-ÊTA MAÇÃ.. SE TU NÃO QUER, OUTRO QUER!!!!"
Exemplo!!!!!!
Nazha Sayed
Camboriú SC, 01/Outubro-2017