O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, conhecido por frases memoráveis, disse que "somos mestres das palavras não ditas, mas escravos daquelas que escapam". Ele tem razão.
Na semana que passou muitas palavras andaram soltas, cito, por exemplo, "apequenar." Por ironia, foi na mais alta corte do país, o STF, que os discursos e as diferenças se acaloraram entre os ministros.
O "bem" e o "mal" foram ressaltados, a pauta emperrou pela "injustiça" ou por mais prazo. Para os leigos soou incompreensível. Para os entendidos, um trâmite processual normal. Que sejam dias reflexivos e que o Supremo não se apequene de vez.
Outra palavra de destaque foi "caravana", que significa comboio de mercadores, viajantes ou peregrinos. Aliás, "A Caravana do Lula" pelo RS tem sido um verdadeiro acerto de contas, pela máxima "cada ação gera uma reação" ou "cada um colhe o que planta".
Numa cristalina campanha antecipada, mesmo incerta sua candidatura, Lula é recepcionado por seguidores em universidades, locais históricos.
Nas ruas, porém, pessoas e entidades de classe contrárias dificultam e até trancam os acessos, na busca de justiça. Os primeiros querem ver o líder novamente no poder, os segundos cobram sua prisão imediata.
O certo é que tem sido incrível como o "senso moral" foge fácil das pessoas com um microfone na mão ou na desenfreada paixão partidária. Ignoram-se problemas como má qualidade da educação e a falta de saúde e de segurança pública. Há solução fantástica para tudo.
Se for verdade que o bem chama o bem, com o mal não deve ser diferente. Palavras raivosas, citações que buscam inferiorizar estados, cidades e classes, posicionamentos virulentos, Somente instigam revoltas, ódio e turbulência social.
Aliás, incentiva, sobretudo, a intolerância para com o outro, grave problema brasileiro e mundial. Vai custar caro. Em parte, as urnas se encarregarão de promover mudanças. Mas é na impunidade, na corrupção venal, na inversão de valores e na politização da justiça, que estão sendo assentados os tijolos do muro da desigualdade do Brasil.
Tempos difíceis estes, cuja vida não para de pregar surpresas. Inimagináveis os monstros que habitam o ser humano.
Sem explicação almas penadas a serviço do mal, ceifando vidas indefesas, como Naiara Gomes, de Caxias do Sul.
Enquanto permanecermos no campo das palavras ditas ou não, e nos interesses pessoais que se sobreporem aos coletivos, na rivalidade de protestantes ou defensores de caravanas, restará, apenas, insensatez e atrocidades, ratificando a desestruturação de uma sociedade sem rumo e que banalizou a morte por qualquer razão ou motivo. Aos crimes horrendos, estes sim, que continuem com total repulsa de todos e "Sem Palavras."
Abraços