O jornal sempre teve total importância para história política de Tupanciretã, desde o vilamento até sua emancipação. As terras mais cobiçadas da Região Serrana, eram destacadas para todo Estado por meio do jornal impresso.
Poucos lembram, mas Pedro Osório foi a grande figura pública naquele tempo, em meados da década de 20, do século passado, a vislumbrar a Vila de Tupanciretan como futuro município, claro, Getúlio Vargas, então presidente do Estado do Rio Grande do Sul, decretou.
Mas até essa pujança chamar a atenção dos líderes daquela época, o impresso foi o grande trunfo daquele tempo em que os municípios de Júlio de Castilhos e Cruz Alta dividiam a Vila ao meio, literalmente. Entre tantos outros fatores, a falta de zelo pela Terra da Mãe de Deus, que produzia significativa quantia em impostos e, também surgia como sociedade organizada, fatores que contribuíram junto às demandas em favor da emancipação.
Em 28 de novembro de 1926, Ernesto Aquino, distribuía o primeiro exemplar do que seria o principal meio de comunicação de todos os tempos. Dali, surgia o primeiro aliado da comunidade em busca de sua liberdade.
“Um nova fase se iniciava para a nossa terra, O Gaúcho, órgão de combate, que divulgava nossas realizações e advogava nossos direitos(...)”, assim descreveu Manoelito de Ornellas, no livro Tupanciretan, original de 1932. A obra relata o momento sublime da imprensa para a implementação de Tupanciretã.
A campanha de emancipação passou por linhas e tintas de um periódico, que surgia como luz em tempos de subordinação. Seu primeiro editorial trouxe argumentos coesos, entre as ponderações, a esperança de renovação e a necessidade de progresso eram evidentes, ”(...) um marco incontestável de civilização e democracia”, encerrava um trecho do primeiro editorial de, O Gaúcho.
O despertar de uma nova era, sim, foi através da mídia escrita que Tupanciretã soube crescer, da informação produzida aqui, pois a impressão era realizada na cidade de Júlio de Castilhos, até então. A campanha por emancipação iniciou neste lapso temporal, há 93 anos, completados neste mês de novembro, dos embates com o jornal Cruzeiro do Sul, de Júlio de Castilhos à notoriedade estadual, formaram o sustentáculo de nossa base política.
Então, após as publicações de diversos artigos, em que encorajavam o povo a pensar na liberdade administrativa, importantes jornais do RS começaram a dar visibilidade para a causa, entre eles, Sul Brasil e Diário do Interior, ambos de Santa Maria; Correio do Sul, de Bagé; A Nação, de Uruguaiana; Correio do Povo e Diário de Notícias, de Porto Alegre.
Em tempos de mídia eletrônica, temos a possibilidade de exercermos à tão sonhada liberdade de expressão, a opinião pública voa tão rápido quanto à velocidade da luz, vivemos um novo marco, mas infelizmente, após a falta de incentivos e concentração de verbas públicas pré-destinadas, fica evidente o descaso com a imprensa e sua representatividade junto à comunidade. É preciso repensar o modo como tratamos os veículos de comunicação e considerar sua importância histórica, cultural e democrática para nossa formação política.