Após mais de meio século de história, Tupanciretã não terá mais rádio AM em funcionamento, situação foi imposta por Decreto Federal e nesta sexta-feira, 31, a emissora local deixará de funcionar, passando então para o FM.
Nessa contribuição histórica, um nome, pouco lembrado, foi fundamental para a chegada desse meio de comunicação em Tupanciretã.
Em uma postagem no Facebook, de 5 de novembro de 2019, Jorge Luís Sarmento Coimbra, fazia uma justa homenagem no centenário de nascimento de seu pai, Manoel Jacques Coimbra, o pioneiro do rádio na Terra da Mãe de Deus, que faleceu aos 51 anos.
No relato ao saudoso comunicador, um lapso temporal condiciona seu legado histórico e pouco lembrado nesse momento de migração.
Cita o texto.
“ Seu Manoel ou Seu Coimbra, como era tratado, foi um homem adiante de seu tempo: natural de São Luiz Gonzaga (cidade que amava), cedo sentiu a necessidade de expandir os seus horizontes e, na juventude, morou e estudou em Porto Alegre, onde apaixonou-se pelo Rádio, que desabrochava como a alta tecnologia da época.
Retornando ao interior, casou com minha mãe, Nair Sarmento Coimbra (com quem está na foto que ilustra esta postagem) e fixou residência na antiga Vila Itaroquém, hoje Vila Santa Rosa, município de Santo Antonio das Missões RS, que naquele tempo chamava-se Vila Treze de Janeiro.
Alí tiveram os dois primeiros filhos: Mauro Lafayette e Adeldides (Nana), mantendo sempre os estudos e o sonho de montar uma emissora de rádio...
Mudou-se para Santiago, onde iniciou, de fato, o trabalho com Rádio, adquirindo a experiência que os estudos e planejamentos exigiam para a realização do mister a que sua vida estava destinada.
Dalí, após analisar as perspectivas, fazer a documentação, obter a "concessão" (dificílima, durante o Governo Vargas) e reunir o capital necessário, mudou-se para Tupanciretã e fundou a Rádio Sociedade Tupanciretã Ltda. - ZYU-64, que iniciou as suas transmissões radiofônicas nos anos 1950, operando na frequência de 1.480 Khz, Ondas Medias, AM de 202,7 m (duzentos e dois metros, ponto sete).
A emissora de Rádio por ele fundada e instalada em Tupanciretã, inicialmente operou em imóvel alugado do Dr. Mário Lago (meu padrinho), localizado na Av. Vaz Ferreira, próximo ao local de sua residência e consultório. Posteriomente, meu pai transferiu a Rádio (e a residência da família) para outro imóvel, também na Av. Vaz Ferreira, mas agora quase em frente (diagonal) com o Clube Comercial e foi nessa casa que eu nasci, em agosto de 1959, sendo eu o único tupanciretanense da família.
Não tenho lembranças dessa casa, pois ela foi demolida e substituída por outra e, também porque eu ainda era um bebê, quando meu pai novamente transferiu a Rádio para um imóvel própio (hoje também demolido), localizado na Rua General Osório, 380, quase em frente ao antigo Clube 13 de Maio.
Ao lado da Rádio, e ao mesmo tempo, meu pai construiu um chalé de madeira (esse ainda existe, em más condições, mas existe) e foi nessa casa que vivi a minha infância e adolescência.
Seu Manoel Coimbra operou e dirigiu a "sua" sonhada Rádio por muitos anos, desde a inauguração até a data do seu falecimento, em 1971, coincidentemente ocorrido em São Luiz Gonzaga (onde estão os seus restos mortais), pois lá ele se encontrava em visita a um irmão.
Depois disso, com o filho mais velho cursando medicina na UFSM (formou-se em 1973), com a filha cursando faculdade de Letras em Cruz Alta, sendo eu um menino de apenas 11 anos e considerando que a minha mãe não tinha o conhecimento necessário para dar continuidade ao empreendimento, optou pela venda da Rádio, o que aconteceu em 1973, apenas 2 anos após o falecimento de meu pai.
Assim, a Rádio Sociedade Tupanciretã Ltda., saudosa ZYU-64, foi vendida no dia 06 de abril de 1973 a um grupo de investidores, formado pelos senhores: Nedo Roque Berwanger, advogado (23,3%); José Remy Berwanger, odontólogo (23,4%); Leandro Kruel do Nascimento, odontólogo (20,0%), Olmiro Dorival da Silveira, taxista (10,0%) e Geniplo Borges de Moura Mattos, oficial da reserva do Exército Brasileiro (23,3%), encerrando-se aí, definitivamente, a participação de nossa família no negócio.
Nesta data, em que se comemora o centenário de nascimento desse grande empreendedor, que foi meu pai, quero prestar as mais sinceras e emocionadas homenagens a este homem, cuja bondade, honestidade e competência muito me orgulham e de quem recebi os melhores ensinamentos e a quem devo a formação do meu caráter, baseado nos mesmos princípios universais que procurei transmitir aos meus filhos.
Tenho certeza que Seu Manoel Jacques Coimbra, lá onde seu espírito repousa, também está orgulhoso do filho que gerou e de quem, pela vontade de Deus, teve que se separar tão precocemente.
Obrigado por tudo, meu amado pai. Um dia nos reencontraremos.
Parabéns pelos 100 anos de seu nascimento !!!
Até breve...
Jorge Luís Sarmento Coimbra, seu filho.”